MURAL DE INDICAÇÕES LITERÁRIAS : Curadoria Antirracista e Diversidade Cultural

Foi a partir de um estudo em Ciências Humanas sobre trabalhos invisíveis que a equipe da Biblioteca das Infâncias, Cinthia e Paulinha, receberam as turmas de 5ºs anos para a apresentação de uma grande escritora. E como o estudo sobre trabalhos invisíveis vai chegar na vida e obra de Carolina Maria de Jesus? Esta foi uma grande escritora brasileira que passou a vida lutando pelo direito de exercer seu dom de escrever; mulher negra, neta de escravizado, só o que se apresentava a ela como opção de sustento era servir como trabalhadora doméstica. Carolina no entanto queria escrever, e com apenas dois anos de estudo formal tanto lutou, insistiu e resistiu, que um dia finalmente teve seu primeiro livro publicado. Seu sustento na época se dava a partir do trabalho de catadora de lixo, mais um exemplo entre tantos que são invisíveis diante dos olhos da maioria de nós.

Não vamos aqui nos estender sobre essa história tão incrível quanto triste, história esta que precisou de duas aulas para cada turma ouví-la inteira, considerando as inúmeras paradas para perguntas, comentários e observações das crianças. Fato é que essa conversa sobre uma catadora de lixo que se tornou escritora depois de muita luta foi um gancho perfeito para a seleção de uma roda de biblioteca com livros de outras “Carolinas”, vozes não ouvidas, mal divulgadas, pouco publicadas.

Realizamos então uma seleção de livros com a provocação: vocês podem conhecer histórias do mundo todo, de diversas culturas, muitas outras além das histórias européias e eurocentradas às quais somos expostos e expostas diariamente. Onde estão e o que dizem autoras e autores negros, de tantos países especialmente africanos e americanos, incluindo o Brasil?; quem são os escritores e escritoras indígenas e que literatura eles produzem?; que outras mitologias e contos tradicionais podemos conhecer de continentes distantes como Ásia e Oceania, assim como de regiões das quais pouco conhecemos, como Palestina, Índia, Marrocos?

Disponibilizamos um extenso acervo para as turmas e aproveitamos esse mesmo olhar também para os 6ºs anos, a quem fizemos a provocação de realizar uma volta ao mundo a partir da leitura de histórias.

Compartilhamos agora com vocês um registro interativo, portanto em construção, dos livros escolhidos pelas turmas de 5º a partir da nossa seleção. As e os estudantes estão sendo convocados a comentar e indicar as leituras que realizaram e que estão registradas nesse mural. Dessa forma além de fomentar conversas sobre as leituras, esses documentos também servem como um painel de indicações literárias, a partir de uma perspectiva antirracista e de ampliação do repertório cultural.

Esperamos que aproveitem!

Paulinha e Cinthia.

Histórias em Quadrinhos em destaque na Biblioteca

por Fermín Damirdjian

Nada mais natural e óbvio do que considerar as imagens como um recurso potente e onipresente. Filmes, séries inteiras, um telejornal, uma partida de futebol cabem em nosso bolso, na palma da mão, em um quadradinho qualquer alocado em paralelo a uma reunião de trabalho ou uma aula magna. Tudo isso já sabemos. Mas pode ser bom rememorar um pouco como eram as imagens que cabiam na mão antes de recursos tecnológicos tão sofisticados.

A atual imagem da biblioteca brinda os transeuntes com uma farta vitrine de quadrinhos, que vão desde Corto Maltese, Flash Gordon e Asterix, a Laerte, Angeli e Glauco, sem deixar de passar por Mafalda e mangás, dentre muitos outros. As cores das capas saltam em uma prateleira que por si só já é uma grande página de um comic.

Obras de HQs em exposição na entrada da Biblioteca. Foto: Fermín Damirdjian

Roteiristas lendários, desenhistas impecáveis. E alguns autores que concentram ambas virtudes. Esse modo de desenhar quadros com imagens prestou-se fortemente a narrar histórias épicas, tanto quanto a retratar em um só cartum uma situação política instantânea, uma espécie de crônica ou artigo de opinião em linguagem gráfica. Livros clássicos, como a Ilha do Tesouro ou A Metamorfose, ganham vida em um recurso imagético e literário cujas origens remonta à indústria gráfica do início da Revolução Industrial.

A oferta desse recurso prosaico e rico, na Biblioteca da Vila das Juventudes, é um convite não apenas à história recente das tramas seriadas, mas também a uma linguagem que se mantém viva e ativa em época de alta tecnologia – quiçá hoje mais traduzida no sucesso dos mangás, mas com certeza não apenas por isso.

Em todo caso, fica feito o convite. As aventuras e desventuras resguardadas dentro dessas páginas não dependem de assinaturas nem de wi-fi. Basta abrir e ler.

Fermín Damirdjian – Orientador Educacional Ensino Médio

 

Ação de letramento na Educação Infantil – NAA Semana da Consciência Negra

 

Por Paula Lisboa

Dia 25 de novembro estive com as turmas do Infantil 1CB e Infantil 2BB para fazer a leitura do livro Benedito, de Josias Marinho (Ed. Caramelo), como parte da programação de letramento racial promovida pelo Núcleo de Ações Antirracistas de famílias da Vila. 

Optei por não contextualizar para as crianças a leitura como sendo parte da programação da Semana da Consciência Negra. Começamos sentados em roda e contei a história do meu nome, que ganhei em homenagem ao meu avô. Assim, introduzimos a ideia de família e ancestralidade, dizendo que carregamos em nós um pouquinho de cada um e cada uma da nossa família que veio antes da gente.

Iniciei a leitura do livro projetado no telão a partir da dedicatória com Vivas a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia. Cantei a abertura de um congo e contei que essa é uma festa onde tem tambor. 

Eis que o Benedito encontra um tambor, o que ele sente? 

“Vontade de tocar!”

“Eu acho que ele está se lembrando de alguém da família dele que tinha um tambor.”

“Ele está de olho no tambor, e com mais vontade ainda de tocar.”

“Ele tá encarando o tambor pra criar coragem de pegar!”

Nas próximas páginas Benedito se aproxima e as ideias continuam: “Eu acho que ele já encontrou a festa, mas pra entrar precisa ter um instrumento!” e conforme as páginas avançam, algumas crianças acharam que Benedito estava crescendo, ficando mais velho. Também sugeriram que ele se concentrou para conseguir levantar o tambor e andar com ele para outro lugar.

Quando Benedito se arrisca a tocar o tambor, bolinhas azuis surgem na página, e as crianças levantam ideias sobre o que elas podem ser: “eu acho que ta soltando a tinta do tambor” ou “será que são fogos da festa?”. Até que alguém organiza as tantas ideias lançadas dizendo: “Já sei, são os barulhos que o tambor fez!” e seguem “Quando ele toca o instrumento, saem as bolinhas.”, “Já que a gente não consegue ouvir nada, a gente consegue ver!”.

Quando Benedito começa seu processo de escurecimento, as crianças se deparam com o enigma do menino sendo “pintado” de preto. Pensaram que ele devia estar pintado de branco, tomou chuva e a tinta saiu; ou que as bolinhas do som do tambor são de tinta e estão pintando ele… “Enquanto tocou tambor, começou a chover.” As páginas vão passando e Benedito está cada vez mais preto, até que uma mão entrega pra ele mais um instrumento musical. “A pessoa que deu pra ele também tá com a mão, é…” é difícil pra criança dizer que ele tem a mão preta, eu ajudo confirmando: “tem a mão preta, né?”

E prontamente concluem: “Ah deve ser o pai!”, “Ou a mãe”, “Pode ser o vô…” 

“Ei, pode ser que ele só se pintou de branco e aí a cor dele de verdade apareceu.” 

“A família dele é preta!”

“Então não era tinta?”

A cor está definida, Benedito é um menino negro. Ao que uma garotinha branca de mão levantada há tempos esperando pra falar, finalmente ganha a palavra e diz:

“Ele pode ter se esquecido da cor, aí quando ele começa a tocar o tambor, ele foi descobrindo a cor dele!”

Possivelmente ela chegou a essa ideia fazendo relação com o livro A Menina Que Nasceu Sem Cor (um livro de Midria; ilustrado por Ana Teixeira. Ed. Jandaíra), lido pela professora na semana anterior e lembrado por ela durante a leitura. E assim fica evidente a importância de serem feitas várias leituras que se relacionam e reforçam as ideias levantadas.

Ao final do livro mais uma dúvida surge: ele ganha uma saia e veste a saia, então ele deve ser uma menina! Rapidamente diversas vozes protestam: “mas menino também pode usar saia!” e “Menino ou menina pode usar o que quiser!”.

Lembro de voltar ao livro. Afinal, como se chama essa história mesmo? “Benedito”. Se esse é o nome dele, então é mesmo um menino. 

E agora vou mostrar pra vocês que não é só ele que usa saia nessa festa chamada Congada, onde dá pra ver que a maioria das pessoas também é negra, como o Benedito, e todos vestem saia, alguns tocam tambor, outros trazem o chocalho na canela, como no livro.

Conto pras crianças que essa é uma festa para coroar os reis do Congo, um reino africano. Conto que foram os negros que criaram essa festa, com ideias trazidas da África e reinventadas no Brasil. Mostro as imagens do Rei e da Rainha sendo coroados em festa e procissão, mostro também o autor do livro, um homem negro. Então uma criança grita com convicção:

“É por isso que os negros são importantes!” 

As crianças dançam imitando os brincantes do vídeo de congada.

Seguimos plantando sementinhas e regando as mudas. 

 

Acervo Antirracista

Por Lucas Meirelles

O filósofo espanhol José Ortega y Gasset na obra “Missão do bibliotecário” (2006), nos lembra de uma virtude que é a hospitalidade. Diz que “[…] a melhor forma de hospitalidade me parece ser aquela em que, ao chegar o forasteiro à minha casa, eu a deixe e me torne um pouco estrangeiro” (2006, p. 1). Traçando um paralelo com o fazer bibliotecário dentro da escola e o desenvolvimento do acervo para a comunidade, temos a responsabilidade de nos posicionar e apresentar uma parte de novos livros que têm chegado no acervo de nossas bibliotecas. Explicitamos então a hospitalidade da biblioteca.

Para tanto, apresentamos novas aquisições e outros livros que já fazem parte do acervo. Trata-se de livros que trazem assuntos para as discussões sobre racismo, colonialismo, africanidades, escravidão, povos originários, livros com autorias negras, livros sobre pessoas negras, livros sobre pessoas indígenas, livros com personagens negras e tantas outras possibilidades.

O pensador Ailton Krenak, em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, nos provoca com suas ideias as noções de civilidade, meio ambiente e proteção ambiental, cosmologias, etc. Uma questão trazida por ele, que não nos propomos a responder, mas nos juntamos na provocação, é “como justificar que somos uma humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo exercício de ser?” (2019, p. 14).

Conjuntamente, temos o professor, advogado e filósofo Silvio Almeida que também nos instiga a pensar e repensar – desta vez sobre o racismo, ideologias, política, etc – o conceito de raça e seus desdobramentos, na obra “Racismo estrutural”. Diz ele que “o racismo constitui todo um complexo imaginário social que a todo momento é reforçado pelos meios de comunicação, pela indústria cultural e pelo sistema educacional.” (2019, p. 65). Com essas novas aquisições, discussões dentro da sala de aula (e fora dela também) podemos ajudar a esboçar novos meios de ver e refletir o mundo.

Dentro dos nossos objetivos temos o papel, com a literatura, de estimular a criatividade, a imaginação e a fantasia, proporcionando independência no processo de escolha e o prazer na leitura literária, evitando visões estereotipadas e preconceituosas; e com a pesquisa, de proporcionar a capacidade de localizar a informação nos diversos suportes, selecioná-la, avaliá-la, interpretá-la e transformá-la num outro produto que seja significativo para o sujeito. Pretendemos formar, pois, a autonomia e crítica para produtoras e produtores de significado e conhecimento e não meramente o consumo de informação e cultura.

Nesse documento vamos, ao mesmo tempo, esclarecer e escurecer o acervo, abrir suas possibilidades, pensando sempre em múltiplas cosmologias, em juntar o antigo com o novo, o sacro e o profano, o desconhecido e o conhecido.

Equipe das bibliotecas

recorte do acervo antirracista da nossa biblioteca

Leitura na programação de férias

Crianças lendo no jardim (Londres, Reino Unido)

Ler e ouvir histórias é uma atividade sempre presente, em diferentes situações da nossa rotina escolar, e a equipe da biblioteca está sempre disposta a participar desses momentos com nossas crianças.Para além das atividades do ano letivo, esse ano a escola ofereceu uma programação de férias em julho para as crianças da Educação Infantil, 1º, 2º e 3º anos, e se tem criança na escola, não pode faltar história!

 

Tivemos a oportunidade de encontrar com as crianças participantes da programação de férias, oferecendo leituras para todos os grupos. A escolha da história ficou a cargo da mediadora ou mediador que fez a leitura, e como geralmente acontece, as crianças adoraram! Um diferencial desse momento é a presença de crianças de diferentes idades em um mesmo grupo, o que traz trocas bastante significativas entre elas.

Associar o livro e a leitura com momentos de prazer, para além do estudo e das leituras obrigatórias, é uma ótima contribuição para o desenvolvimento da fruição leitora nas crianças!

E você, já leu um livro hoje?

Monumento garota lendo (Vladivostok, Russia)

Crianças lendo (Biblioteca Pública de Margate City, EUA)

Monumento ao escritor Alex Haley (Annapolis, EUA)

Leitura de escritores indígenas com crianças de 1º, 2º e 3º anos

Por Paula Lisboa

Nesse momento de ensino remoto e híbrido, uma das atividades que oferecemos foi um momento de leitura virtual no contraturno para as crianças de 1º, 2º e 3º anos. Em um dos horários da atividade, fiz a proposta de apresentar às crianças histórias escritas por autores indígenas. A atividade é optativa e as crianças poderiam escolher outras propostas de leitura. Desde o início, achei que poderia ter um grupo menor de interesssados nas histórias indígenas, uma vez que somos pouco familiarizados com a cultura dos nossos povos originários.

Felizmente desde o primeiro encontro um grupo de crianças chegou com muito interesse em ouvir essas narrativas, e se interessaram ainda mais quando eu contei que faríamos a leitura de livros escritos por autores indígenas. Trouxe as fotos dos autores, imagens de seu povo, contei onde eles vivem.

Em dois meses de leitura ouvimos narrativas dos povos Guarani, Munduruku e Karajá, contadas por Olívio Jekupé e Daniel Munduruku, além dos poemas do poeta Tiago Hakiy, do povo Sateré-Mawé. Apreciamos os desenhos feitos por crianças Guarani no livro Verá, o Contador de Histórias, o que encantou a todos e todas, inspirando que também fizessem seus desenhos enquanto ouviam as histórias. Aprendemos algumas palavras nas línguas Guarani e Munduruku, e ampliamos nosso conhecimento sobre a cosmovisão dos povos indígenas no Brasil.

Fui supreendida pela vontade e capacidade das nossas crianças em absorver as referências de outras culturas de forma muito tranquila, de retomar as narrativas depois de semanas da leitura feita, de reconhecer as palavras nas diferentes línguas indígenas, de se envolver com o contexto trazido pela leitura, conectando diferentes narrativas e ampliando sua sensibilidade para a diversidade étnica e cultural.

Está sendo muito rico acompanhar as conexões que eles fazem ao longo das leituras, reflexões sobre bom e mau, sobre a relação entre indígenas e não indígenas, e sobre os saberes trazidos nas histórias. Nesse tempo já concluímos a leitura de dois livros e começamos um terceiro, além dos poemas que estão intermeando os contos.

Mais uma vez testemunhei o quanto vale a pena acreditar no poder das narrativas para conhecer, sensibilizar e ampliar conhecimento.

Referência dos livros lidos:

JEKUPÉ, Olívio. Verá, o contador de histórias. São Paulo: Peirópolis, 2003.

MUNDURUKU, Daniel. Um dia na aldeia: uma história munduruku. São Paulo: Melhoramentos, c2012.

MUNDURUKU, Daniel. Contos indígenas brasileiros. São Paulo: Global, 2004.

HAKIY, Tiago. A pescaria do curumim: e outros poemas indígenas. São Paulo: Panda Books, 2015.

 

Um Dia na Aldeia: Uma História Munduruku eBook: Munduruku, Daniel, Negro, Mauricio: Amazon.com.br: Loja Kindle  Contos indígenas brasileiros | Amazon.com.br A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas | Amazon.com.br 

Dez sugestões de leitura em capítulos para crianças de 9 e 10 anos

Por Paula Lisboa

Seguindo com nossas sugestões de leitura em capítulos para as crianças de Fundamental 1, trago aqui um apanhado de dez títulos que consideramos boas opções de leitura para as crianças que estão no final desse ciclo.

Nunca é demais lembrar que um bom livro não tem indicação etária exata para ser lido, é mais uma sugestão, considerando a complexidade da narrativa, a linguagem utilizada pelo autor ou autora, e a capacidade leitora média de crianças com tal idade. Também reforçamos o quanto a mediação de um adulto continua sendo bem vinda, para tirar dúvidas, trazer mais informações, oferecer apoio na compreensão, expandir as reflexões a partir da narrativa… Sem falar que continua valendo o aconchego que uma leitura compartilhada, mesmo depois que a criança está plenamente alfabetizada!

É possível consultar o acervo das nossas bibliotecas direto da sua casa através desse link de acesso , onde você pode fazer a busca pelo título ou autor, verificar a qual biblioteca pertence e ler as sinopses de cada livro.

Aqui estão dez sugestões de livros para crianças entre 9 e 10 anos!

BARBIERI, Stela. Como mudar o mundo?. 1. ed. São Paulo: FTD, 2015.

Os contos deste livro foram inspirados nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela ONU, em 2000, mas que ainda continuam sendo desafios para toda a humanidade. Entre os objetivos, estão o combate à pobreza, à fome, à mortalidade infantil, à Aids, à malária e a outras doenças, a luta por educação, igualdade entre os sexos, autonomia das mulheres, saúde das gestantes, sustentabilidade ambiental e parceria mundial para o desenvolvimento.

 

 

CHAMLIAN, Regina. Gigantes também nascem pequenos. 1. ed. São Paulo: SM, 2006. 

Mindinho é uma criança-gigante que fica órfã de repente: seus pais são assassinados pelo gigante Zarrão, que foge depois de cometer o crime. Um casal de anões tem a difícil missão de contar ao pequeno gigante o que aconteceu. Nessa viagem fantástica a um mundo encantado, o leitor terá de fazer uso, com Mindinho, da perseverança e da imaginação para enfrentar os temores, as perdas e a injustiça.

 

 

 

 

COELHO, Marcelo. Minhas férias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2011. 

“Eu sempre achava que devia entrar em alguma aventura. Não é que eu fosse muito corajoso. Mas achava bacana imaginar alguma coisa como as que acontecem nos livros – garotos que se perdem numa ilha misteriosa, numa caverna, descobrem um tesouro, enfim, aquilo tudo que se sabe”. Entrava ano, saía ano, e lá vinha uma professora de português propondo aos alunos que contassem todas as coisas interessantes que tinham vivido durante as férias. Os alunos eram obrigados a escrever – mesmo que nada de interessante tivesse acontecido com eles. Pois o que o autor faz neste livro é, de certa forma, escrever várias redações sobre as férias. Suas “redações” são especiais pelo jeito de contar as coisas – e porque ele, como a maioria dos meninos e meninas, sabia descobrir pequenas aventuras em situações muito cotidianas, ali onde menos se poderia esperar.

 

COLLODI, Carlo. As aventuras de Pinóquio. São Paulo: Iluminuras, 2002. 

Versão integral do texto clássico do escritor italiano Carlo Collodi. Esta obra-prima da literatura infanto-juvenil, conhecida pelo leitor sempre através de adaptações, tem aqui a oportunidade de conhecer o texto original em toda a sua grandiosidade.

 

 

 

 

DUPRÉ, Maria José. A ilha perdida. 37. ed. São Paulo: Ática, 1998.

Eduardo e Henrique resolvem explorar a misteriosa ilha e descobrir se as histórias sobre o lugar são reais. E acabam por se envolver em uma aventura na qual aprendem o respeito e o amor à natureza.

 

 

 

 

 

FUNKE, Cornelia. Os caçadores de fantasmas: atrás de uma pista fria. São Paulo: Brinque-Book, 2011. 

Tom quer apenas uma coisa: fugir. Mas eis que Erva Cidreira, a experiente caçadora de fantasmas, oferece sua ajuda. Quando os dois começam a conhecer melhor o fantasma, Tom vai percebendo que ele não é tão temível assim. Juntos, os três formam uma equipe imbatível de caçadores de fantasmas e logo encaram sua primeira tarefa: perseguir pistas frias..

 

 

 

GOMES, Alexandre de Castro. Quem matou o saci?. São Paulo: Escarlate, 2017. 

A detetive Billy Conrado e o detetive Joaquim de Jeremias colhem pistas e não poupam esforços para solucionar o misterioso assassinato de um conhecidíssimo personagem do folclore brasileiro. Quem teria motivos para matar o Saci Perereira? Muitos personagens são suspeitos, mas quem seria o verdadeiro culpado? De forma bem-humorada e original, Alexandre de Castro Gomes cria uma história de detetive instigante ao mesmo tempo em que faz um surpreendente passeio pelo folclore brasileiro.

 

 

 

HARTNETT, Sonya. O burrinho prateado. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. 

Em uma manhã luminosa de primavera, duas irmãs encontram na floresta um soldado cego. O soldado conta para elas histórias maravilhosas envolvendo sempre a pequena escultura prateada de um burrinho que ele carrega no bolso. Os dias vão passando, e as duas meninas se esforçam, em segredo, para ajudar o soldado a voltar para casa enquanto aprendem o que esse precioso objeto significa. ‘O Burrinho Prateado’ é um tributo à coragem, à lealdade e ao sacrifício. Os belos contos nele reunidos proporcionam uma visão serena, mas firme, tanto dos horrores da guerra quanto do poder da inocência.

 

 

KIPLING, Rudyard. Mogli, o menino lobo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2016. 

Tendo como cenário a Índia Central, a história de Mogli, o menino criado por uma alcateia de lobos, é cheia de ação, aventura e amizade. Ao longo de sua jornada, para provar que merece ser respeitado pela Lei da Selva, ele encontra personagens memoráveis, como o perverso tigre Shere Khan, a sábia pantera-negra, Baguera, e o afável urso Balu.

 

 

 

SEPÚLVEDA, Luis. A história de Mix, Max e Mex. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2014. 

Mix e Max eram amigos inseparáveis, como só um garoto e um gato podem ser. Enquanto Max estava na escola, Mix protegia os cereais preferidos de seu dono; enquanto Mix passeava pelos telhados da vizinhança, Max enchia o pote de comida de seu parceiro – e assim, lado a lado, eles cresciam. Acontece que o tempo dos gatos é diferente do tempo das pessoas, e quando Max se tornou um jovem cheio de planos, Mix já estava velho e mal conseguia enxergar. Mas, sem poder se aventurar pelos terrenos vizinhos, ele não imaginava que conheceria um rato tagarela disposto a lhe mostrar com palavras tudo aquilo que seus olhos não viam mais – e muito menos que esse rato pudesse virar seu companheiro leal e fazê-lo sentir-se feliz mais uma vez. Esse era o Mex.

Livros infantis de autores indígenas

Por Paula Lisboa

O dia 19 de abril consta em nosso calendário como sendo o Dia do Índio, um dia para celebrar os povos originários do nosso país. Considerando que os indígenas lutam por sua permanência nessas terras desde a invasão dos europeus em 1500 até os dias atuais, esse não seria tanto um dia para comemorar ou festejar. É um dia sim para honrar, agradecer e também pedir perdão por tanta violência historicamente já cometida a esses povos, que de 3.000.000 de habitantes em 1500 chegaram a menos de 818 mil segundo o censo de 2010.

Como forma de honrar esses povos e sua cultura, trouxemos a indicação de alguns livros do nosso acervo infantojuvenil que foram escritos por autores indígenas. Temos mais livros que trazem contos da tradição indígena escritos por autores não indígenas, que também vale a pena conhecer. Mas hoje nosso objetivo é destacar não somente a cultura e os contos, como também os escritores e narradores indígenas.

Você conhece algum desses livros? Sugere outros que a gente não incluiu aqui? Vamos sempre trocar indicações e ampliar nosso repertório!

Nós: Uma antologia de literatura indígena - 9788574068640 - Livros na Amazon BrasilNós: uma antologia de literatura indígena / organização e ilustrações Maurício Negro. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2019.

Tratando dos mais diversos temas ― dos mitos de origem às histórias de amor impossível ―, as narrativas conduzem o leitor por situações e desenlaces muito próprios, sempre acompanhadas por um glossário e um texto informativo sobre o povo indígena de origem de cada autor. Traz histórias contadas ou recontadas por escritores das nações indígenas Mebengôkre Kayapó, Saterê-Mawé, Maraguá, Pirá-Tapuya Waíkhana, Balatiponé Umutina, Desana, Guarani Mbyá, Krenak e Kurâ Bakairi. Esta é uma chance preciosa para todos aqueles que desejam entrar em contato com as raízes mais profundas de nossa cultura, ainda pouco valorizadas e respeitadas, por puro desconhecimento.

Contos indígenas brasileiros | Amazon.com.brMUNDURUKU, Daniel. Contos indígenas brasileiros / il. Rogério Borges. São Paulo: Global, 2004.

Os oitos contos selecionados pelo autor, a partir de um critério linguístico, têm a intenção de retratar, através de seus mitos – o roubo do fogo, a origem do fumo, depois do dilúvio, entre outros -, a caminhada de alguns de nossos povos indígenas do norte ao sul do país – Guarani, Karajá, Munduruku, Tukano, entre outros. A leitura dessas histórias dá às crianças uma rica visão de nossa herança cultural.

 

 

HAKIY, Tiago. A pescaria do curumim: e outros poemas indígenas. São Paulo: Panda Books, 2015.

Tiago Hakiy mora no coração da floresta amazônica. Descendente do povo sateré mawé, neste livro ele apresenta a cultura indígena em forma de poesia. A fauna e a flora da região amazônica, os costumes do povo e sua interação com a natureza são retratados em poemas que revelam a beleza e a riqueza da vida na floresta.  

 

Ajuda do Saci - Kamba´i » Editora DCLJEKUPÉ, Olívio. Ajuda do saci: kamba’i. São Paulo: DCL, 2006.

Em edição bilíngue – português e guarani –, Olívio Jekupé conta a história de Vera, um kunumi (indiozinho) que sonhava em ir para a escola dos não-índios.

Queria aprender tudo que eles sabiam para poder defender o seu povo. 

 

 

 

Livro: Verá, o contador de histórias | blog da mamãe sustentávelJEKUPÉ, Olívio. Verá, o contador de histórias. São Paulo: Peirópolis, 2003. (Memórias ancestrais Povo Guarani).

Todos pensam que só os índios mais velhos têm boas histórias para contar. Mas agora você conhecerá Verá Mirim, um curumim guarani que conta histórias fantásticas e emocionantes, e que diverte a todos com sua criatividade e inteligência.

 

 

 

Arandu Ymanguaré | Amazon.com.brJEKUPÉ, Olívio. Arandu ymanguaré: sabedoria antiga. São Paulo: Evoluir, 2003.

Para que saibam valorizar e defender os povos indígenas é preciso que desde cedo nossas crianças conheçam a força, a beleza e riquezas daquelas culturas. E é isso que o índio Guarani Olivio Jakupé, da aldeia Kurukutu nos mostra neste livro, por meio de três lindas histórias, do dicionário tupi guarani e da entrevista em que responde às perguntas de como é o estilo de vida na aldeia.

O Pássaro Encantado | Amazon.com.br

POTIGUARA, Eliane. O pássaro encantado. São Paulo: Jujuba, 2014. 

Os avós são figuras muito importante para os povos indígenas. Trazem os costumes, as memórias e os ensinamentos para a vida. Neste livro, Eliane Potiguara nos conta sobre a relação com esta figura poderosa e mágica, a avó, que traz as histórias vivas dentro de si. Aline Abreu, com suas ilustrações, nos carrega para esse tempo de magia. 

A Terra Partida

por Lucas Meirelles

 

Retomando as leituras da quarentena – do final do ano passado para esse – me programei a ler uma trilogia. Há muito tempo indicado por amigos e podcasts comecei a ler os três livros da série A Terra Partida, da escritora N. K. Jemisin. Ela é negra, norte-americana e já tem uma grande produção de ficção científica e fantasia. Essa série especificamente – mas conta-se que faz parte da literatura dela – aborda temas como violência, justiça social, racismo e relações humanas (o que é que pode ser identificado como “humano” dentro da ficção científica?). E além disso, traz protagonismo feminino para as personagens principais.

Barcelona 06 06 2017. A ganhadora do prêmio Hugo de ficção científica 2016, a escritora N. K. Jemisin posa na livraria Gigamesh. Fotografia de Jordi Cotrina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os livros da série são na ordem: A Quinta Estação, O Portão do Obelisco e O Céu de Pedra.

Foram publicados originalmente entre 2015 e 2017 e foram vencedores do Prêmio Hugo de Melhor Romance, nos anos de 2016 a 2018. Sou geralmente muito cético quanto a ler críticas, saber de um júri que escolhe uma obra para alguma premiação, mas dessa vez tive que dar o braço a torcer e reconhecer o merecimento de tanta aclamação. É realmente uma ótima série e vale cada minuto lido.

A história se baseia num planeta com um continente chamado Quietude e, de tempos em tempos, o mundo é destruído por falhas sísmicas, explosões de gases letais, para dar início a um novo mundo renascido das cinzas. Cada renascimento é conhecido como uma nova Estação. As pessoas que moram nesse continente são divididas em sete castas que não permitem mobilidade social. Cor de pele, gênero e sexualidade têm peso dentro de cada casta também, com medidas diferentes. As protagonistas desde o começo do primeiro livro são orogenes (palavra criada pela autora para designar pessoas que tem o poder de sentir e criar/destruir a partir dos movimentos da terra) que sofrem por terem o poder da orogenia. Há também um jogo de palavras com o diminutivo – e pejorativo – de orogene que é “rogga”, inspirado na palavra do inglês “nigga”. Então elas sofrem com o poder, com o nome e usam isso para transformar relações e o mundo a sua volta.

A saga das personagens é de sobrevivência contra as forças da natureza nesse fim do mundo, e tudo o que leva a esse término. É confuso no começo para se ambientar com as personagens, o enredo, os nomes, mas bastante cativante durante esse processo fazendo os três volumes serem rapidamente lidos.

 

A quinta estação/ O Portão do Obelisco/ O Céu de Pedra
Série: A Terra Partida
Autora: N. K. Jemisin
Tradutora: Aline Storto Pereira
Editora: Morro Branco
Ano de publicação: 2017/ 2018/ 2019