PARA QUE UMA COROA?

por Catarina Laufer Salazar
6ºB

Título do Livro: A seleção
Autor: Kiera Cass
Editora: Seguinte
361 p.

A bela capa já chama atenção: uma linda moça posa com um vestido romântico e encantador. A partir dai o leitor é levado delicadamente, através das páginas bem escritas, para o tema principal do livro “A seleção”, de Kiera Cass, “Trinta e cinco garotas e uma coroa”. Esse será o enredo descrito de uma forma sutil, sem ser boba, mantendo o leitor sempre curioso e querendo saber mais.

A história eletrizante desse primeiro volume, que é contada em 3 partes, se passa em um tempo futuro permitindo ao autor criar um novo país. “Num futuro em que os Estados Unidos deram lugar ao Estado Americano da China e mais recentemente Illéa, um país jovem com uma sociedade dividida em castas, a competição que reuni moças de dezesseis a vinte anos de todas as partes para decidir quem se casará com o príncipe é a oportunidade de escapar de uma realidade imposta a elas ainda no berço.”. Mesmo num país fictício, criado pela autora de uma forma bem convincente, a medida que se vai lendo o livro, o leitor percebe que os costumes da sociedade descrita, mesmo sendo num tempo futuro, remetem a hábitos antigos e já não mais em uso, como por exemplo a divisão da sociedade em castas e até mesmo se casar com um completo desconhecido.

No primeiro capítulo nos é apresentada a personagem principal América Singer, uma linda adolescente com dezesseis anos da casta Cinco, o que equivaleria a classe media baixa. Ou seja,  para ela subir de casta e melhorar sua perspectiva do futuro, sua mãe, que só quer o melhor para sua filha e cheia de esperanças, a obriga a participar do concurso das pretendentes a casamento com príncipe Maxon, pertencente a casta Um. Só as famílias mais nobres e ricas pertencem a essa casta.

A autora assim nos apresenta claramente questões relativas a divisão de classes numa sociedade: O que ela pode gerar?; Quais as perspectivas de futuro para cada classe?; Pode haver misturas de classes?; Quais as diferenças entre as classes?; entre outras questões interessantes e atuais. 

Uma das formas que Kiera Cass encontra para tratar desse assunto sobre a divisão social, é descrevendo com detalhes minuciosos  a casa onde América Singer habita e o palácio que o príncipe Maxon vive. A medida que avançamos na leitura, as imagens desses lugares ficam cada vez mais claras, quase reais. O príncipe vive em um castelo gigante, com vários cômodos, todos com varandas e banheiro, muito luxo, objetos preciosos, uma bela luz natural, e claro muitos empregados. Já a casa da personagem principal é descrita como um lugar simplório, sem muito requinte. Tendo 3 quartos, onde vivem ela com 2 irmãos e seus pais. A cozinha é pequena e só há um banheiro para toda família.  Não há muitos supérfluos, nem luxo.

“Escondi-me no meu quarto o único lugar onde podia fugir do falatório da casa cheia”, assim América nos dá a entender o quanto é movimentada, apertada e agitada sua casa. “Enfiei a cabeça pela porta e vi o jardim. Havia um labirinto de alamedas com bancos e fontes. As flores brotavam de toda parte, e cada uma delas estava perfeitamente podada.” aqui, América descreve seu deslumbramento diante da imensidão e do capricho do palácio do príncipe. Fica claro assim  as contradições e diferenças de moradia de cada casta.

Outra forma inteligentemente utilizada para desenvolver a questão central do livro  é através do episódio onde o príncipe escolhe sua futura esposa. Só ele tem esse direito. As pretendentes, normalmente de castas inferiores,  não podem opinar se querem ou na casar com o príncipe. Ele, sendo da casta Um, a mais nobre dos nobre, é o que tem o poder de escolha.  “- E você acha que minha vida não vai mudar? Quais são as chances de encontrar minha alma gêmea entre vocês? Terei sorte se encontrar alguém que fique ao meu lado pelo resto da minha vida. E se já mandei a moça certa para casa por não sentir nenhuma química?…” Mais uma vez somos levados a pensar na divisão de classes.

Desta maneira o título do livro já nos leva a entender e entrar profundamente nas vidas dos personagens. A seleção passa a ser o foco principal de suas vidas, como eles vivem e como irão viver. Escolher, selecionar, marca o desenrolar deste fantástico volume.  Ficamos curiosos para conhecer o que o futuro destas escolhas acarretarão. Para tal, teremos que ler os próximos volumes da série.