Grupo de Estudos online, isso é possível?!?!

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Por Andréa Luize

Se essa pergunta me fosse feita há dois ou três anos atrás, minha resposta seria rápida e contundente: “É claro que não!”. Porém, passado algum tempo - pouco, na verdade! - e passadas algumas experiências - enriquecedoras! -, minha opinião, hoje, é bem diferente, e minha resposta é: “É claro que sim!”.

Na última Programação de Verão do Centro de Formação, ofereci um curso com a intenção de discutir as contribuições de pesquisas recentes sobre o processo de apropriação da escrita alfabética e sobre o que significa alfabetizar para as demandas do mundo atual. Embora tenha feito uma boa avaliação dessa ação formativa, considerei que seria muito potente termos a possibilidade de ler, efetivamente, e discutir essas pesquisas de forma ainda mais intensa, mais aprofundada, algo que não é viável no formato desse curso. Daí a ideia de estruturar um Grupo de Estudos.

A opção presencial - considerando o tempo, os compromissos, a possibilidade de integrar pessoas de diferentes localidades e, ainda, outros aspectos inerentes à vida numa metrópole - foi logo descartada, dando lugar à opção online. Contribuiu para essa escolha o fato de que o Centro de Formação já havia iniciado ações formativas assim estruturadas e com boas avaliações, tanto de seus formadores quanto do público participante.

E se era para encarar o desafio de organizar e tutorar um Grupo de Estudos, e a distância, nada melhor do que realmente investir no meu tema de maior interesse, meu tema “de coração”: a alfabetização inicial.

Assim, o Grupo de Estudos, intitulado “Por que alfabetizar não é fazer a criança ficar silábica, silábica-alfabética e alfabética?”, iniciou-se em abril deste ano. Agora, no segundo bloco temático, o debate gira em torno de duas pesquisas mais recentes, realizadas e orientadas por Emilia Ferreiro. No bloco anterior, discutimos o que é alfabetizar para o mundo de hoje e qual o papel das tecnologias nas salas de aula da educação infantil e do início do fundamental I. Mais adiante, ainda nos debruçaremos sobre a leitura e a escrita no dia a dia dessas séries iniciais da escolaridade, tematizando a organização curricular, as propostas didáticas e a tarefa de avaliar as aprendizagens.

Dentre as várias atividades que temos realizado, destaco os fóruns de discussão e as atividades síncronas. No caso dos fóruns, elejo para comentar, em especial, o fórum de conversa permanente, um espaço para uma “troca de figurinhas sobre aquilo que nos tira o sono quando se trata de alfabetização inicial”. Inúmeros foram os temas que já surgiram nessa conversa. Entre eles estão: intervenções mais potentes, análises de produções, ensino ou não dos nomes das letras, a questão do letramento, avaliação das aprendizagens, propósitos das situações didáticas. Esse fórum, que se manterá aberto do início ao final do Grupo de Estudos, tem rendido discussões maravilhosas, muito produtivas, e contado com a participação intensa das integrantes do Grupo de Estudos.

Em atividades síncronas (conversas virtuais realizadas com agendamento prévio), debatemos questões ou textos trabalhados acerca de uma temática. Na conversa mais recente, discutimos o compromisso alfabetizador das séries iniciais, a diferença entre metas e expectativas de aprendizagem e, por conta de questões trazidas pelas participantes, avançamos, tratando de temas que abarcam também o ensino da leitura e da escrita ao longo de todo o fundamental I. Mais uma vez, foi um momento rico de intercâmbio e que não se encerra ali, pois o fórum citado acima permite dar continuidade a essas conversas.

O Grupo de Estudos conta, este ano, com 13 participantes extremamente envolvidas com as propostas e discussões. Para mim, tem sido uma experiência de troca e de atualização das mais potentes e, conforme podem ver a partir do depoimento de algumas participantes, elas também partilham dessa opinião.

COMENTÁRIOS DE PARTICIPANTES

“Nada a acrescentar, só confirmar que essa possibilidade nos aproxima de um tema tão gostoso e ao mesmo tempo denso, e que a possibilidade de fazê-lo online nos ‘facilitou’ o acesso, muitas vezes impossível.” (Luciana Pierry Cardoso - Santos – SP)

“Sinto-me privilegiada de participar deste grupo que tem participantes muito envolvidos e uma formadora que nos faz pensar, refletir e aos poucos transformar nossa prática!!!! Admiro e participo das ações formativas da Vila já há dez anos, moro em uma cidade do interior de São Paulo e o deslocamento para a capital sempre foi um empecilho para participar mais destes momentos de formação. Com o grupo de estudos online, esta barreira foi transposta e não importa mais o lugar físico… Todos estamos juntos ao toque do dedo!!!!” (Fernanda Maria de Oliveira Costa - Mococa – SP)

“O Grupo de Estudos veio ao encontro das minhas expectativas quanto ao desejo de participar de um estudo aprofundado sobre a alfabetização à luz de novas pesquisas acerca da aprendizagem da leitura e da escrita. Os recursos tecnológicos utilizados, com a mediação de uma educadora que une muito bem teoria e prática, vêm possibilitando, mesmo à distância, o diálogo reflexivo com profissionais envolvidos nesse processo e a ampliação do olhar sobre a nossa ação pedagógica.” (Christiane Maia Azeredo – Niterói - RJ)

“Andrea, sua síntese retrata com primor o que estamos vivenciando. A dinâmica do grupo de estudo online está configurada de forma a aproximar todos. Embora estejamos de fato distantes, as atividades síncronas, o fórum permanente de conversa, o espaço para indicações de leitura e vídeos, os vídeos de atividades, as apresentações de síntese dos temas com sua voz nos ‘dando aula’ como se estivéssemos em uma sala de aula, tudo isso me traz uma sensação de proximidade. Sinto como se formássemos mesmo uma turma.” (Tatiana de Souto Pina - Rio de Janeiro – RJ)

“Estou muito feliz com esta iniciativa da Escola da Vila. O curso online veio pra ficar! A formadora consegue manter a dinâmica e o interesse do grupo, como se estivéssemos presentes na sala de aula. Os temas abordados são de grande importância para nós e ter que atender aos prazos das entregas das tarefas nos obriga a manter uma disciplina e uma organização com as leituras, embora este seja o grande desafio em meio a tantas demandas da escola. Estou adorando fazer parte deste grupo!” (Paula Klein - Niterói - RJ)