Eu, leitor: formação do leitor literário na sala de aula

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Por Luiza Moraes e Natália Zuccala

Relato sobre exposição dos perfis de leitor do 6º ano foi publicado na Revista Emília, revista digital especializada em literatura infantojuvenil e formação de leitores.

Formar leitores autônomos, fortalecer uma comunidade de leitores e favorecer a construção de percursos leitores foram os nortes para a realização da Exposição Eu, leitor, realizada com os alunos do 6º ano, e por eles. No início de junho, as duas unidades da escola abrigaram exposições com perfis de leitores, trabalhos nos quais os alunos do 6º ano encontraram suas formas pessoais de olhar para os percursos de leituras, refletir sobre eles, comunicar os próprios perfis e compartilhar um pouco da experiência leitora com o restante da comunidade escolar.

Esse trabalho, no entanto, tem início muito antes: desde que os alunos são pequeninos leitores, no 1º ano do Fundamental 1, carregam consigo um caderno chamado Memórias do leitor. Nele, registram as leituras que realizam, anotam impressões, gostos, desgostos, descobertas, surpresas, ilustrações e o que mais desejarem a respeito das leituras que realizam em suas vidas. De um ano para o outro, as crianças levam sempre o mesmo caderno (até que as folhas se acabem) e nele vão construindo o seu percurso leitor particular e comunitário - já que diversas das leituras registradas em seus "diários" são compartilhadas com colegas, professores, pais, com toda a comunidade de leitores que os cerca.

Quando chegam ao 6º ano, trazem um caderno recheado de ricas experiências, que serão recuperadas e ampliadas no trabalho com leitura autônoma realizado nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura. A principal proposta da série, nesse sentido, é a produção, em etapas, de perfis de leitor individuais, textos nos quais os alunos se apresentam como leitores. Depois de algumas etapas, eles escolhem a melhor maneira de apresentar os seus perfis: fazem cartazes, pequenos livros, histórias em quadrinho, textos em forma de pequenas narrativas, descrições mais tradicionais ou o que quiserem, e apresentam-se como leitores para o restante da classe.

Trata-se de um momento importante para favorecer a ideia de leitura e aprendizagem como um percurso e ajudar os alunos a construírem uma autoimagem como leitores. Registrar seu percurso colabora para a construção dessa autoimagem, já que promove uma tomada de consciência de suas características como leitor. A escrita exige tempo, explicitação e reflexão.  Por isso, pode impactar a consciência do aluno sobre o que ele gosta de ler, o que não gosta; como gosta de ler, como não gosta. Colabora, também, para explicitarmos a ideia de ler como verbo transitivo: quando o aluno diz "não gosto de ler", está generalizando e fechando uma posição que precisa ser problematizada: não gosta de ler o quê? O fato de escrever sobre seu percurso leitor pode colaborar com a construção de uma resposta para essa pergunta. A ideia é, também, favorecer a quebra de estereótipos: mesmo quem gosta de ler, às vezes, aborrece-se com a leitura, e mesmo quem se autodefine como "não leitor" pode desfrutar de momentos de leitura. A escrita pode favorecer essas tomadas de consciência.

Neste ano, ao recebermos os perfis de leitor dos alunos, inspiradas por relatos de colegas a respeito da importância da voz e escolha por parte dos alunos, e da relevância de dar aos projetos uma audiência real e externa, além de deslumbradas pela qualidade dos trabalhos, resolvemos propor aos alunos que expusessem seus perfis para toda a comunidade escolar. Assim, nasceu a exposição Eu, leitor, que contou com a visita especial de Cristiane Tavares, colaboradora da Revista Emília, especialista em Literatura Infantojuvenil, formadora de professores e mãe da escola. O ponto alto foi a possibilidade de realizarmos visitas guiadas. Alguns alunos - por sorteio ou por escolha - foram guias da exposição, e tiveram a oportunidade de acompanhar as visitas dos pais, de classes de outras séries e de Cristiane Tavares.

Tratou-se de um momento privilegiado para fortalecimento da comunidade de leitores e, também, de uma oportunidade rica para que os alunos se colocassem no centro do próprio processo de aprendizagem - sendo responsáveis por apresentar o próprio trabalho e as próprias aprendizagens. Compartihar com os alunos essas responsabilidades nos pareceu extremamente formativo. Cristiane conversou com os alunos guias a respeito de seus perfis, colocando perguntas, partilhando experiências, valorizando os relatos deles. Ela, também, contou sobre seus livros mais marcantes, sobre seus hábitos, maneiras de ler, enfim, apresentou o seu perfil de leitora para os curiosos alunos.

Na semana passada, um relato mais completo dessa experiência foi publicado no setor "Educativo Emília" da Revista Emília, revista digital especializada em literatura infantojuvenil e formação de leitores. Para ler o texto completo, acesse o link: "Eu, leitor: Formação do leitor literário na sala de aula".