À escola o que é da escola, à sociedade o que é da sociedade

Por Dayse Gonçalves

Essa frase interessante é de António Nóvoa, importante educador português que vem propondo discussões em torno da missão da escola, que ao longo de sua história foi tomando para si algumas funções que deveriam ser assumidas por outras instituições sociais. Segundo ele, essa seria uma das razões pelas quais se produziria uma enorme desigualdade em relação à qualidade da formação dos cidadãos. Aqueles que estariam dentro das escolas invadidas pelas demandas sociais estariam em desvantagem em relação àqueles que estariam dentro das escolas onde o foco de atenção estaria nas aprendizagens. Mas isso é assunto complexo e fica para outra ocasião.

O que estamos trazendo para pensar é assunto menor, menos importante que a questão do transbordamento da escola, mas que as famílias podem considerar um problemão. Queremos falar do problema (que em termos de segurança é solução) da cadeirinha. Parece que todos os motoristas, tirante taxistas e afins, terão de ter uma cadeirinha dentro das especificações da lei para o transporte de crianças dentro de certa faixa etária.

Outro dia alguém perguntou: como a escola está pensando resolver esta questão? Quando me deparei com esta indagação imediatamente de lembrei do professor Nóvoa. Será essa mais uma responsabilidade da escola?

Segundo levantamento feito às pressas, só na Educação Infantil do Butantã teríamos mais ou menos 70 crianças por período sendo transportadas em cadeirinhas, sem falar nas séries iniciais do F1, onde temos crianças de 6 a 7 anos e meio. Portanto, necessitaríamos de espaço para estacioná-las aqui na escola. Não bastasse a falta de espaço, imaginem como seria a hora da saída, com as famílias todas buscando sua(s) cadeirinha(s)?

Embora sejamos absolutamente favoráveis à lei, reconhecemos as dificuldades de sua implantação, que começa com a escassez do produto no mercado, a alta dos preços em função da demanda, a questão dos rodízios ...  Vivemos um tempo de mudanças. Mudanças nos obrigam a pensar e a agir. As saídas nem sempre são fáceis, mas não podemos assumir mais essa responsabilidade.