Uma mudança e tantos significados: a ida para o 1º ano

13_10_2014

“Eu vou pro 1º ano, já sou grande e vou ser maior ainda, vou ter meu estojo!”

“Eu vou aprender a escrever mais coisas, o meu nome eu já aprendi!”

“Eu vou ter aula de Educação Física, minha irmã me disse!”

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Por Fernanda Flores

Com a proximidade do fim do ano, passamos a acompanhar a curiosidade de nossos alunos da Educação Infantil, particularmente do Grupo 3, para com o primeiro ano do Fundamental. Passam a olhar com outros olhos os colegas e as professoras de 1º ano, não sendo raro vermos pequenas excursões de grupinhos interessados em espiar tudo que seja do 1º ano: a sala de aula, a oficina de arte, a aula de educação física etc.

É esperado que tenhamos um olhar sobre os desafios que enfrentarão, com as novidades inerentes a uma passagem tão cheia de significados. Em especial, temos uma expectativa social grande, que se explicita nas perguntas dos adultos sobre a conquista da leitura e da escrita, no aumento significativo de materiais que a criança passa a manejar (cadernos pedagógicos, estojo), na aguardada lição de casa, e numa progressão quanto ao tempo de permanência nas atividades, entre outros marcadores que indicam às crianças que estão em um novo estágio da vida escolar.

A Educação Infantil goza de uma identidade muito própria. As crianças vão à escola e aprendem a estar com outras pessoas, em um novo contexto. Em grande parte, é por meio da confiança que estabelecem com seus professores que conseguem se vincular às variadas demandas do ambiente escolar. A estruturação particular das atividades, do tempo, do espaço e do brincar caracterizam a peculiaridade desse segmento.

O sentimento de pertencer a um grupo, de ser uma pessoa importante e querida, e a percepção crescente da capacidade de aprender são aspectos fundamentais da formação de nossos pequenos alunos, que seguem como centrais nas séries iniciais do Fundamental.

Nessa passagem, a articulação de diferentes propostas dentro da rotina de trabalho é um importante recurso para que as crianças tenham um ritmo de trabalho que equilibre situações com grau e tipo de atenção diferentes, e possam estar envolvidas e interessadas nas atividades propostas. Em meio a situações das mais diversas, as crianças expõem o que sabem, ouvem e pensam sobre os comentários dos outros, enfrentam problemas, consideram informações apresentadas pelos colegas e professores e, a partir de tudo isso, produzem e aprendem.

Assim, no primeiro ano, cuidamos para que, rapidamente, elas reconheçam uma rotina que organiza a experiência escolar. Sabemos como é importante para as crianças preverem aquilo que acontecerá em seu período na escola, e a rotina lhes dá a segurança necessária para aproveitarem seu dia, com a certeza do que esperar para a próxima jornada.

Entendemos que é essa experiência anterior que move e instiga cada uma das crianças a viver intensamente a nova fase escolar que se aproxima. E, como parte desse processo de transição, envolvemos os alunos intencionalmente em visitas e entrevistas para que possam, mais e mais, ficarem curiosos e desejosos do que têm pela frente!