Cada aluno é o único mestre de sua aprendizagem

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Por Zélia Cavalcanti

A busca de uma avaliação escolar sintonizada com os avanços dos alunos tem sido recorrente entre nossos professores. E, nesse sentido, o desenvolvimento de procedimentos avaliativos que, além de informarem o que foi ou não aprendido por uma classe, contribua para que cada aluno autorregule seu processo de aprendizagem é um dos focos do processo formativo interno.

A busca de boas respostas para as questões que esse aspecto do trabalho docente envolve vem recebendo, já há vários anos, a inestimável contribuição de Charles Hadji, professor emérito da universidade de Grenoble Alpes, autor de referência quando a questão diz respeito às características dos instrumentos de autoavaliação suscetíveis de contribuir progressivamente para a autorregulação do aluno.

O professor Hadji tem vários livros publicados no Brasil, já esteve entre nós há alguns anos para um Seminário Internacional, contribuiu com o livro comemorativo dos trinta anos da Escola da Vila − 30 Olhares para o futuro − e esta semana, passando por São Paulo, voltou à nossa escola, a convite do Centro de Formação, para ser entrevistado por nossa equipe sobre aspectos desse tema sempre tão instigante no conjunto da atividade pedagógica, e  que voltaremos a abordar no Programa ZDP 2015.  Assim, socializaremos com as escolas parceiras os conhecimentos já construídos e as respostas que temos encontrado para as questões que o exercício de um olhar avaliativo − que considera o aluno como “único mestre de sua aprendizagem”− coloca.

Nessa entrevista, Hadji respondeu às perguntas e ampliou nossas perspectivas sobre como um processo pedagógico fundado na avaliação/regulação pode favorecer a melhoria da aprendizagem, e que condições o planejamento do professor deve considerar para facilitar a autorregulação dos alunos. Nesse contexto, pôde também esclarecer conceitos relacionados aos critérios avaliativos que precisam ser considerados em uma tarefa complexa, e falar sobre as relações entre avaliação formativa e diferenciação.

Ao se referir às relações entre avaliação formativa e diferenciação, esse grande professor nos ofereceu, como sempre o faz por intermédio de seus textos, a medida da qualidade de sua reflexão pedagógica.

Há uma família de correntes inovadoras que trabalha no mesmo sentido, o de uma melhor implicação do aluno em sua aprendizagem. Por isso, é coerente articular um mesmo processo: avaliação formativa, pedagogia diferenciada e trabalho metacognitivo. Mas, mesmo inserido em um processo tradicional e em um sistema de pedagogia uniforme (uma única classe, pedagogia transmissiva), pode-se praticar uma avaliação formativa. Basta ter vontade de esclarecer detalhadamente para cada aluno seus resultados, de maneira a ajudá-lo a progredir. Isto será mais difícil que num sistema que multiplica os períodos de trabalho e de observação individuais.