Arte para os pequeninos do Espaço da Vila

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Por Ana Paula Yazbek, Angélica Dienni e Heloísa Trigo

A arte para as crianças pequenas é ação. Nesse sentido, aproxima-se muito de outra linguagem própria da infância: o brincar. Por isso, quando pensamos em atividades com arte para bebês e crianças pequenas, entre zero e três anos de idade, com as quais trabalhamos, sabemos que ações tais como explorar, conhecer, tocar, sentir, cheirar, experimentar e até mesmo morder devem ser consideradas no momento do planejamento das propostas. Desta forma, o  educador é levado a organizar situações dessa natureza. Criamos boas condições para que  as crianças se aproximem dos diversos elementos que, culturalmente, são meios, suporte e materiais e, assim, possam descobrir tantas outras possibilidades para a expressão da linguagem artística. Promovendo brincadeiras com o próprio corpo, o espaço, o tempo, por meio da exploração a que esse espaço convida, propiciamos a descoberta de novas ações com o corpo.

O produto final não é o objetivo principal, já que nessa faixa etária o percurso, as sensações, as vivências que acontecem em cada espaço e tempo são primordiais. No entanto, acompanhamos ao longo do crescimento das crianças ações cada vez mais intencionais em produzir marcas, nos desenhos, nas pinturas, nas colagens, nas modelagens por meio de movimentos mais refinados e habilidosos.

Sempre envolvidas com a reflexão de como colaborar para que as experiências das crianças sejam ricas em significado, e permitam apropriarem-se de seus movimentos, explorar, descobrir novas formas de linguagem, de comunicar-se, de conhecer-se, buscamos atualização constante.

As experiências de vivenciar exercícios e de poder estar em contato com diferentes produções de artistas, que ocorreram nos encontros do ZDP 2014, coordenados pelas professoras Karen e Zá, favoreceram um diálogo com os referenciais teóricos que permeiam nosso trabalho como educadoras, propiciaram vivências práticas muito enriquecedoras e contribuíram para a criação de novas propostas na construção de um olhar mais apurado para as ações das crianças.

Poder experimentar, sentir, produzir, pensar, se sujar, ocupar diferentes espaços e, ao mesmo tempo, conhecer artistas, buscar novos olhares para as obras apresentadas foram fundamentais para o incentivo à pesquisa de novas maneiras de se pensar e fazer arte com as crianças.

No último encontro do ano, por exemplo, tivemos uma experiência na qual pudemos vivenciar sensações de descoberta e nos aproximar das linguagens artísticas, redescobrindo nossos próprios movimentos.

A partir de um exercício chamado “O Polvo”, cada participante pôde aproximar-se do próprio corpo e do corpo do outro, e muitos sentidos foram estimulados a interagir, a conectar-se. Por meio do tempo e do espaço, fomos convidadas a construir um novo corpo coletivo, além da experiência individual de construção.

Essa proposta inspirou vivências aqui no Espaço da Vila. Marcinha, educadora da turma dos bebês entre quatro meses e um ano de idade, por exemplo, transformou uma de nossas salas em um universo de luz e sombra, com a projeção da textura de um tecido sobre o retroprojetor. Nesse espaço, os bebês, cada um com sua forma de locomover-se, em seu momento particular de descoberta do próprio corpo, teve os sentidos aguçados a entrar em ação e, o que vimos, foram olhares encantados, gestos de exploração, interação e criação de linguagem... O brincar, o movimento e a arte como linguagem de todos e de cada um, naquele espaço e tempo, que não se repetirão, mas que alimentarão muitos outros espaços e tempos.

Depois das jornadas formativas que vivenciamos, os elementos que aqui no Espaço da Vila sempre estiveram presentes − galhos, folhas, sementes e flores que caem das árvores do parque − começaram a ganhar, nas mãos das crianças, outros significados, formas e aparências, construções efêmeras e muito criativas!

Nas propostas de desenho, um ambiente mais silencioso e menos diretivo está presente. Com isso, podemos ver os olhares atentos das crianças aos seus gestos e às suas impressões nos diferentes suportes. Nesse momento também é possível sermos cúmplices de algumas brincadeiras, entre elas, das conversas sobre suas ações e as escolhas dos materiais. E isso é algo incrivelmente rico.

Enfim, com esse curso ganhamos maior repertório para valorizar ações genuínas das crianças pequenas em arte tais como: balançar, rasgar, amassar, aglutinar, trocar, colocar na boca, observar, tentar fazer igual, fazer barulhinhos... E, quando vemos que mãozinhas tão pequenas estão ligadas ao movimento do corpo e conectadas aos olhares atentos e que desta conexão surgem as transformações dos materiais e outra maneira de expressão, acreditamos ainda mais na arte como elemento fundamental na educação.

E, por tudo isso, agradecemos muito às professoras Karen e Zá.