Apresentação de música: equilíbrio entre espontaneidade e atenção

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Por Vicente Domingues Régis

A apresentação de música da Educação Infantil é um evento bastante esperado pelas famílias, pelas crianças e pelos professores da escola. É um momento de encontro permeado de afeto, sensação, escuta e emoção e sua condução é uma responsabilidade que nos coloca diante de duas balizas um tanto antagônicas: se, de um lado, é preciso ser permeável o suficiente para permitir a espontaneidade das crianças, de outro, é imprescindível estar atento para antecipar condutas e situações que podem deixar os pequenos em situações constrangedoras no início de sua formação em relação às figuras mais importantes desse processo de crescimento: sua família e seus professores.

Toda performance realizada em qualquer palco é permeada por esse mesmo dilema. Tocar, cantar, dançar ou mesmo interpretar um papel são ações que demandam equilibrar espontaneidade e atenção, consistindo em caminhar com elegância sobre o fio que pode ou não conduzir a plateia a uma experiência estética transformadora, sem deixar que a tarefa seja tão pesada que nos faça perder a graça, nem tão leve que nos faça esquecer do fio.

Em 2006, na primeira apresentação de música de que participei na escola, não me esqueço de um aluno do G1 que, após os aplausos, depois da música Fui no Itororó, declarou para todo mundo ouvir:

- Vicente, eu não consegui falar Itororó, mas o resto eu cantei direitinho.

O que se seguiu foi um abraço apertado e mais uma salva de palmas da plateia que, acredito, tenha percebido que, nos seus três anos de idade, esse aluno estava construindo seus critérios daquilo que seria uma boa performance na apresentação, e, ao mesmo tempo, se sentiu confortável e acolhido para contar a todos que tinha cumprido grande parte desses critérios. Acredito que o equilíbrio a ser atingido pelo grupo de crianças tão pequenas que se apresentam reside neste âmbito: ao mesmo tempo que começam a construir a consciência do que é uma boa apresentação, se sentem tranquilas caso algo não aconteça tão bem quanto havíamos combinado.

Considero que conseguimos atingir esse equilíbrio com as crianças em grande parte da nossa apresentação. Foi bonito perceber como sabiam o que estavam fazendo, como estavam atentas, mas ao mesmo tempo como estavam leves e felizes. Parabenizo o professor Pedro Bruschi pela condução de suas turmas e agradeço o acompanhamento sensível de Ricardo Pesce, nosso acordeonista. Não posso terminar este texto sem mencionar a parceria fundamental das professoras e dos professores de sala, que tanto fizeram para que a apresentação acontecesse da forma como foi. Lembro, ainda, que este foi o primeiro ano em que tivemos o belíssimo painel produzido pelas crianças, num projeto inspirado em imagens de música realizadas em sala de aula. Pelo visto, veio para ficar. Confiram as fotos da apresentação no Flickr.

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