Avaliar para ensinar a aprender

30_03_2015 A professora Alicia Camilloni em palestra de abertura do programa ZDP 2015.

Por Zélia Cavalcanti

No início deste mês, mais precisamente no texto Ano a ano... de grão em grão, eu dizia que em 2015, entre outras coisas, voltaríamos a discutir Avaliação com as escolas associadas ao Programa ZDP.

Agora, iniciada essa programação, retorno ao tema para dizer que essa escolha − derivada da percepção de que havia nas escolas parceiras, assim como na Escola da Vila, a necessidade de retomar e aprofundar a reflexão sobre esse tema central aos processos de ensino aprendizagem −, se mostrou bastante adequada.

O número expressivo de educadores inscritos para as jornadas ZDP 2015 evidencia que eles sabem das transformações ocorridas na gestão dos conteúdos, no tempo e nos espaços de aprendizagem escolar nas últimas décadas. Incluem, necessariamente, um olhar mais cuidadoso e reflexivo sobre os procedimentos e instrumentos que vêm utilizando para analisar, qualificar e comunicar os processos de construção de conhecimento vividos pelos alunos, para eles e suas famílias.

Por isso, nos organizamos para incluir na programação do ano autores reconhecidos no mundo acadêmico por suas inestimáveis contribuições à construção de boas respostas para essa inquietação pedagógica.

A professora Alicia Camilloni – professora titular emérita da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires − atendeu ao nosso chamado e aceitou vir a São Paulo, em duas datas, para palestras na comunidade ZDP e para encontros com a equipe da Escola da Vila.

Foi ela que, na palestra do dia 14 de março, primeiro enriqueceu nossa reflexão ao “nos avisar” de que a avaliação influencia mais a aprendizagem do que o próprio ensino, pois a forma como se é avaliado determina a forma como se estuda, o tempo dedicado ao estudo e o compromisso que assumimos com essa atividade.

Em função desse ponto de vista, a professora Alicia considera fundamental que ensino e avaliação aconteçam como tarefas realizadas em conjunto, com o objetivo de melhorar a aprendizagem e qualificar o aprendido. Segunda ela, quando essa integração acontece, a avaliação deixa de ser vivida pelo aluno como instrumento de qualificação e comparação, separada do processo de ensino, e abre caminhos para que possa ser percebida como um conjunto de procedimentos que lhe oferece suporte e lhe permite ampliar sua capacidade de aprender, ao mesmo tempo em que aprende sobre suas formas pessoais de construir conhecimento.

Assim, com essas ideias, afinadas com o que vimos aprendendo da leitura dos escritos de Charles Hadji − ele também convidado para uma das jornadas do ano −, as equipes das 38 escolas participantes do ZDP 2015 iniciaram a revisão das bases teóricas e metodológicas utilizadas até então, o que permitirá uma análise das propostas e instrumentos de avaliação que têm utilizado.

Temos a certeza de que, com a continuidade das discussões em São Paulo e no Ambiente Virtual de Aprendizagem, durante as três jornadas que ainda ocorrerão este ano, os 150 profissionais inscritos (63 nas jornadas presenciais e 87 nas jornadas online) construirão boas condições para contribuir com o desenho de um conjunto de propostas de Avaliação que atualize, para esse conteúdo pedagógico, o projeto de suas escolas.