O convite à metacognição e a comunicação dos processos e aprendizagens

19_6_2015

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Por Daniela Munerato 

[...] Uma turma de segundo ano do Ensino Fundamental 1. As crianças estão em horário de intervalo. Observo cuidadosamente todos os planos da sala vazia que, certamente, terão muito a me dizer sobre os processos de aprendizagem. Paredes tomadas por diferentes produções: fotos, desenhos, mapas conceituais, pequenos post-its cheios de anotações sobre uma pesquisa. Parecem aproveitar cada cantinho do espaço para contar suas histórias.

A partir dessa breve observação, pretendo tecer algumas considerações sobre a comunicação dos processos de aprendizagem no cotidiano escolar, e o que está além delas, um dos aspectos refletidos durante a viagem pedagógica deste ano. Inicio mencionando histórias que contam o cotidiano de um grupo e do que vivem juntos. Uma comunicação coletiva que mostra, também, o aluno em suas participações individuais e que se tornam memórias importantes do percurso do grupo. Os registros podem ser variados e representam instrumentos que recuperam trajetórias concluídas ou em andamento. A partir deles, a construção de conhecimento continua intensa, pois a experiência vivida gera produções sobre as quais podemos observar, dialogar e refletir em favor das aprendizagens.

Observar num tempo que não seja somente o imediato, mas o que distanciado pensamos a respeito do que já vivemos. Além disso, olhar e olhar novamente, percebendo detalhes ou o que não pôde ser visto anteriormente. Dialogar, pois a interação é sempre fundamental para que haja o avanço, a possibilidade de colocar-se no lugar do outro, compreender diferentes pontos de vista, aprofundar-se. Nesse diálogo incluímos alunos da mesma idade ou não, e professores com intervenções importantes que “provoquem” o aluno e o façam pensar. Vale completar que tais ações estão inseridas no planejamento das atividades.

A comunicação acontece para fins diferenciados, e é fundamental, com o objetivo de compartilhar na instituição os acontecimentos entre alunos, salas, séries, funcionários da escola e pais. Na comunicação de um trabalho aparecem princípios importantes da escola que se fazem conhecer pela forma de organização dos saberes ali produzidos.

Neste contexto, o refletir nos remete ao aluno. O que, a partir da experiência, se aprende? Como ter consciência de como está aprendendo, de ferramentas que costuma usar, de desafios ainda a serem transpostos? Este é o conceito de metacognição, pensar sobre como se aprende e seu processo individual. O aluno pode identificar através das propostas das quais participa seus conhecimentos prévios, o que já tinha enquanto recurso cognitivo para conseguir realizar determinada tarefa. Também observa o outro perante suas aprendizagens, pelos comentários e pelas trocas que o fazem ressignificar saberes, com novas formas de pensar. Além disso, é uma boa oportunidade para identificar os desafios e fazer um plano para enfrentá-los.

Por fim, evidencia-se a importância de comunicar as aprendizagens como uma prática que ajuda o aluno a autoavaliar-se, num movimento no qual ele tenha protagonismo sobre a exposição de ideias, consiga participar de sua organização e recuperar o que aprende. E que nós, espectadores, possamos olhar os produtos expostos não somente como meros registros, mas que consigamos entender o que esses recursos representam no percurso de cada criança e do grupo. Fica o convite!