#35anosescoladavila

Cristina Preta

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Por Maria Cristina Pereira (Cris Preta)

A Escola da Vila se mistura à historia da minha vida, dos meus ideais, dos meus sonhos e também dos meus desapegos.

Minha história com a Vila começou quando nós, um grupo de educadores idealistas, ou talvez sonhadores, criou uma escola que se chamava Criarte, em 1972. Sonhávamos mudar o mundo educando crianças com liberdade, já que vivíamos em plena ditadura e éramos apaixonadas por pensadores que nos faziam aspirar a um Brasil melhor.

Durante alguns anos, mantivemos essa escola para crianças pequenas, até que começamos a pensar nas crianças maiores. Juntamo-nos, então, a um grupo educacional mais experiente, que trabalhava com classes de 1a. série em diante. Mas ficou claro, muito rapidamente, que não era esse o nosso caminho.

Fomos corajosas, optamos pela separação, por começar de novo, deixando até nosso precioso piano para elas.

Foi assim que nasceu a Escola da Vila.

O local não podia ser outro: Vila Madalena, bairro já habitado por artistas, intelectuais, além dos moradores originais, que ali viviam há muitos anos.

O nome inspirador foi dado pela Rosa, perfeito.

Éramos uma comunidade, revezávamos os cargos, ora éramos professoras, ora orientadoras.

Foi esse revezamento que me fez sair por um tempo da Escola. Eu não queria voltar à sala de aula, pois tinha duas filhas quase bebês. Resolvi, então, comunicar ao grupo minha decisão e foi esse o momento do desligamento. Quem não aceitasse a regra tinha de deixar a sociedade. Optei por ficar com os filhos e sair da Escola. Foi cruel, mas era assim que funcionávamos.

Nesse período de afastamento, formei-me em Psicodrama Pedagógico e tentei nova vida profissional. Mas, no meio do caminho, apareceu o livro Psicogênese da língua escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. E lá estava eu, de novo, envolvida com o mesmo grupo, estudando o que, para nós, foi uma revolução.

Decidi voltar à Escola como professora de alfabetização, para experimentar tudo que aprendíamos nos livros. Foi assim que a intenção de ficar um ano em uma classe se estendeu por quatro anos, depois por mais outros tantos como coordenadora e professora do Centro de Estudos.

Até que o mundo me chamou de novo e acabei indo para o MEC fazer os PCNs.

Hoje, acompanho o crescimento da Escola e ainda sinto um grande orgulho de tudo.