#35anosescoladavila

Ana Paula Yazbek

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Minha história com a Escola da Vila

Por Ana Paula Yazbek

Minha história com a Escola da Vila começou em 1990, quando eu estava na Faculdade de Educação da USP, começando minha história como educadora e comecei a ouvir falar de uma escola diferente, que trabalhava com crianças de um modo muito especial. Naquele ano, fiz meu primeiro curso pelo Centro de Formação: “A Psicogênese da Língua Escrita, segundo Emília Ferreiro”, e foi aí que me encantei completamente e comecei a sonhar em um dia trabalhar nessa escola.

Passaram-se dois anos e, após mais alguns cursos, soube por uma professora que estava saindo da Escola que haveria um processo seletivo e então encaminhei meu currículo. Pouco tempo depois, fui chamada para uma entrevista. Lembro-me até hoje de quando, na conversa com Vania Marincek, ela me perguntou sobre o que eu achava da relação entre teoria e prática na educação. Não me lembro da minha resposta, mas sim da sensação de que se fosse trabalhar ali teria sempre que refletir muito sobre o trabalho, e isso me encantou.

Alguns dias depois participei de mais uma dinâmica e fui comunicada de que seria contratada. Era junho de 1992 e, em agosto, começaria como auxiliar de uma turma de crianças de três anos, do G1. A professora, Maria da Penha Brant, era muito competente, gerenciava o grupo de uma forma que eu nem imaginava ser possível. Aprendi muito com ela!

Meus primeiros anos na Escola foram de imersão num ambiente de muita efervescência de ideias e produção de conhecimentos. As reuniões pedagógicas aconteciam numa única sala de aula, com toda a equipe (nesse primeiro ano, a Escola ia até a quarta série e estava começando a formar a equipe que iria compor o fundamental II, que iniciaria no ano seguinte), líamos textos dos “espanhóis”; as professoras apresentavam situações de aprendizagem de suas salas de aula; participava de grupos de estudo compostos por todas as auxiliares, coordenados por Vania, que sempre de modo muito acolhedor nos colocava bons questionamentos. Também participava das orientações com Zélia Cavalcanti, que, além de nos colocar para ler e estudar textos que eu não tinha lido na faculdade, falava sobre arte, cultura, música, mostrando que trabalhar com educação é algo muito mais amplo e interessante do que o universo da pedagogia.

Fui auxiliar durante um ano e meio, tive a oportunidade de auxiliar pessoas muito diferentes e competentes e, em 1994, assumi minha primeira sala como professora de G4 (correspondente ao atual primeiro ano). Não foi nada fácil assumir essa turma, estava substituindo a licença maternidade de uma ótima professora, Cláudia Aratangy. Era um grupo de 27 alunos de cinco e seis anos, crianças muito competentes, a maior parte lia desde o início do ano, e todas acabaram o ano lendo e escrevendo. Foi difícil conseguir o controle do grupo, mas, em parceria com Susane Lancman Sarfatti e com a leitura do livro As bruxas, de Roald Dahl, terminamos o ano bem.

Nos anos seguintes, voltei a trabalhar com os pequenos e fiquei transitando entre as classes da educação infantil.

Comecei a dar cursos pelo Centro de Formação e fui construindo em paralelo minha carreira como formadora de educadores e, até hoje, mantenho meu vínculo com o CFEV, ministrando cursos nas programações de férias, em seminários itinerantes e também em parceria com algumas prefeituras.

Em 2001, propus à Escola uma parceria para abrir um berçário e, em 2002, em sociedade com Lena Yazbek (minha mãe) e Maria Amélia Nogueira (minha tia), inauguramos o Espaço da Vila, berçário que atende crianças entre zero e três anos. Desde então, deixei de acompanhar o dia a dia da Escola como educadora, mas mantendo sempre o contato pela parceria estabelecida, e principalmente como mãe de dois alunos: Marina, que neste ano termina o Ensino Médio, e Pedro, que está no último ano do fundamental II.

São 23 anos em que partilho minha vida profissional com a história da Escola da Vila. Participei da comemoração dos quinze, vinte, trinta e, agora, dos trinta e cinco anos, e posso dizer que sinto muito orgulho disso!