Ambiente favorável ao ensino e à aprendizagem - refletindo sobre ele para garanti-lo em sala de aula

educacao infantil

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Por Vania Marincek

No último final de semana aconteceu a primeira jornada do programa ZDP 2016, um conjunto de ações formativas realizado pelo Centro de Formação da Escola da Vila. Neste ano, o tema escolhido foi o da construção de um ambiente favorável ao ensino e à aprendizagem, tema bastante desafiador para todo educador, especialmente pelas rápidas e profundas transformações da sociedade atual.

O que define um ambiente favorável à aprendizagem e que aspectos contribuem para concretizá-lo, do ponto de vista da concepção construtivista de ensino e aprendizagem? Para além da disponibilidade do professor, há estratégias que podem contribuir para a criação desse ambiente? Essas foram as questões que nortearam as discussões nessa primeira jornada.

Pesquisas diversas têm demonstrado que um ambiente sociomoral cooperativo e/ou democrático na escola, no qual as relações sociais são marcadas por respeito mútuo, confiança e diálogo, contribui não só para que os indivíduos se desenvolvam moralmente, como, também, predispõe à aprendizagem acadêmica e social.

O desafio de constituir esse ambiente favorável dentro da escola, certamente foi o que impulsionou a participação de um grande número de educadores no evento.

A jornada presencial teve início na sexta-feira, contando com a participação de 41 orientadores e coordenadores vindos de escolas de São Paulo e de vários outros lugares do Brasil, e prosseguiu no sábado com uma programação que incluiu também a participação de professores, quase que triplicando o número de participantes.

Para contribuir com a construção de respostas para essa inquietação pedagógica e educacional, iniciamos a manhã do sábado com uma palestra com as professoras Susana Menin[1] e Carolina Marques,[2] que buscaram caracterizar a chamada “crise de valores” da contemporaneidade e versaram sobre as possibilidades da escola para garantir as aprendizagens com sentido e a educação baseada em valores.

Todas as contribuições trazidas por elas foram valiosas, mas vale destacar a parte final da palestra, quando, depois de caracterizar a sociedade atual, as professoras apresentaram alguns aspectos chaves que devem ser retomados para que se construa, na escola, uma cultura dos sentidos e de ensino de valores.

Ter a verdade como valor; valorizar a memória, preservando as tradições culturais, trazendo às crianças heróis que servem de bons modelos; apresentar aos alunos o conhecimento com sentido, despertando seu interesse e ampliando seus horizontes; cuidar das crianças, respeitando a infância, e, por fim, trazer, para dentro da escola, os valores para que as crianças se aproximem deles e possam construir seus próprios valores tendo boas referências.

O grupo de trabalho foi coordenado por Fernanda Flores e por mim, e foi organizado nas atividades seguintes de forma a garantir a retomada das contribuições apresentadas na palestra, através de debate e de análise de situações da prática em que os participantes, organizados em grupos por segmento, puderam aprender, reorganizar o que já sabiam e ressignificar importantes aspectos para ampliar essa compreensão, o que contribui para a criação de um ambiente favorável à aprendizagem em sala de aula e na escola, imersos em uma reflexão sobre a ação cotidiana que certamente irá colaborar para transformações das práticas de cada um.

Com certeza, com a continuidade das discussões nas próximas três jornadas que acontecerão ao longo deste ano, os participantes, tanto dos eventos presenciais quanto das jornadas online, terão muitos elementos para repensar sua prática e ampliar os recursos para a construção de um ambiente favorável ao ensino e à aprendizagem.


[1]Maria Suzana De Stefano Menin

Pós-graduada em Psicologia pela Faculdade Objetivo, em 1977; mestre e doutora em Psicologia do Escolar (favor conferir) pelo Instituto de Psicologia da USP (1985 e 1993); tem dois pós-doutorados em Psicologia Social realizados na École des Hautes Études en Sciences Sociales no Laboratório de Psicologia Social da Maison des Sciences de L’Homme, Paris, França (1996 e 2004). É livre-docente e professora-titular em Psicologia da Educação pela Unesp (2000 e 2007).

[2]Carolina de Aragão Escher Marques

Possui graduação e licenciatura plena em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2002), mestrado em Psicologia Escolar pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2004), doutorado em Educação, na área de Psicologia Educacional, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e “doutorado sanduíche” na Harvard Graduate School of Education (2014). Possui, ainda, formação em Orientação Profissional pelo Instituto do Ser/SP (2010) e especialização em Relações Interpessoais na Escola pela Universidade de Franca (2012).