A experiência olímpica e o papel das escolas na formação para a cultura esportiva

Handebol Brasil

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Por Washington Nunes - coordenação de esportes da Escola da Vila

Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Para muitos, uma incógnita. Para os mais céticos, o Brasil não conseguiria deixar as instalações prontas, o público não compareceria e os jogos seriam um fiasco.

Ah, como foi interessante olhar para tudo que aconteceu e perceber que, sim, podemos fazer as coisas, e bem feitas!

As arenas estavam impecáveis e completamente lotadas, e o parque olímpico, muito bonito.

Sem contar com a “genialidade” da torcida brasileira que deu um show nas arquibancadas. Como explicar que, em uma luta de boxe, entre lutadores do Azerbaijão e do Cazaquistão, a torcida vibra com a atuação do ÁRBITRO BRASILEIRO? Como fazer alguém entender que, na final do handebol masculino entre França x Dinamarca, a torcida começa a gritar “o campeão voltou”? Isso aconteceu quando ficaram sabendo que o Brasil conquistou a medalha de ouro no voleibol, que acontecia em outro ginásio. Os Jogos Olímpicos ficaram marcados pela simplicidade e pela alegria que nosso povo esbanja em todo tipo de festa.

Washington

Estive presente nos jogos como auxiliar técnico da equipe de handebol do Brasil. Trabalhamos muito duro nos últimos quatro anos e, pela primeira vez na história, conseguimos avançar até as quartas de final. Infelizmente, mesmo tendo feito um grande jogo contra a atual campeã mundial, a França, não conseguimos passar por ela e vimos o sonho de uma medalha terminar ali (cabe aqui um grande agradecimento a todos que torceram e deram a maior força para nós). Mas sabemos que as etapas de construção de um processo levam tempo. Como ganhar uma medalha se nunca conseguimos passar para as quartas de final? Somente passando uma, duas, três vezes é que conseguiremos ir às semifinais para tentar uma medalha. Por isso, a continuidade do processo tem que acontecer.

E, por incrível que pareça, esse processo se dá no dia a dia das escolas. É na escola que as crianças conhecem e experimentam várias modalidades e, se tiverem interesse e aptidão para continuar sua prática, buscarão especializações e melhorarão tanto seu desempenho que poderão fazer parte de uma seleção no futuro.

WashingtonToda escola deve ter três objetivos muito importantes para a construção de futuros atletas:

1- Mostrar a todos os alunos o universo esportivo e fazer com que eles aumentem a cultura sobre os diferentes esportes que existem no mundo (tanto os que fazem parte do programa olímpico como os que ainda não fazem parte deste);

2- Estimular e desenvolver uma das partes mais importantes em todo o processo de aquisição técnica dos futuros atletas: os estímulos e a melhora das capacidades coordenativas de todos os alunos;

3- Oferecer, quando possível, grupos de treinamento, para que esse processo efetivamente aconteça.

WashingtonEssa foi a terceira (e acredito também que seja a última) Olimpíada de que participo e, pelo fato de ser no Brasil, com certeza foi a que vivi mais intensamente. Chorei na abertura, chorei no encerramento e chorei em grandes momentos dos jogos.

Os jogos do Rio ficarão para sempre em minha memória e em meu coração.

Tenho certeza de que para muita gente também. Quem puder ir ao Rio assistir aos Jogos Paralímpicos, conhecer o parque olímpico e viver o clima das competições vai poder sentir muito disso que falei por aqui.