Despedindo-me do “Um Pouquinho de Brasil”

Um pouquinho de Brasil - Escola da Vila

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Por Adriana Marcondes Machado, mãe dos alunos José, Antonio e Maria

Saí do último evento Um Pouquinho de Brasil, sábado dia 27 de agosto, despedindo-me: “ Meu último Pouquinho de Brasil”. Dois filhos maiores e agora, a menor, com 10 anos.  Fomos em 13 eventos. Ano que vem, não haverá mais nenhum filho ou filha no Fundamental I.

O dia é marcado na agenda, ainda de papel, desde o começo do ano. Sempre fomos. Não é necessário comer muito no café da manhã, pois lá haverá boas coisas para comer, vamos com tempo (coisa rara nos dias de hoje) e, muitas vezes, quando dá, somos dos últimos a sair. Nas estantes de casa, temos vários objetos feitos de madeira: caixas, carros, e, agora, uma pequena cama para casa de boneca. Já trouxemos barangandãs, pinturas, argila, pipas... Ao chegar no evento, começa-se em alguma oficina, sem saber o que se fará depois, pois isso dependerá dos encontros que ocorrerão durante a manhã: um amigo que chama para fazer ou ver algo, ou apenas andar e conversar, um começo de atividade que se larga na metade para ver outra coisa, um passeio para ver a exposição daquele ano e lembrar das que foram realizadas nos outros anos. Tem criança que fica todo o tempo em uma oficina. Está bom. Tem criança que quer fazer várias atividades diferentes. Está bom. Teve um ano em que minha filha não participou de nenhuma atividade e ficou ajudando o pessoal do terceiro ano do Ensino Médio a vender camisetas para arrecadarem dinheiro para a formatura. Estava bom. Um dia para ser bom. As quadras são ocupadas com oficinas e isso, muitas vezes, afasta os amantes dos esportes. Mas muitos deles também vão, e é dia em que dá para subir na árvore perto da lanchonete, dá para brincar no brinquedo do parque, dá para ouvir o show que sempre há no encerramento do dia. Na mesa de argila são incríveis os trabalhos que vão se produzindo, com direito a molhar o barro em um canto com água e terra... A menina que pintava a partir de uma modelo, usou a modelo como inspiração, e seu desenho tornou-se um jogo de cores. Nada tem que ser de UMA maneira apenas, nada tem que ser igual a nada.

Nas mesas da lanchonete e no canto da argila, encontrei-me com mães, pais, educadoras e funcionárias. Sem música alta, sem muita gente, vai-se tendo conversas com começo, meio e fim.  Não sei se era o espírito de despedida, mas busquei essas conversas onde elas surgiam. Encontrei minha filha em alguns momentos; há cinco anos, ela estaria quase todo tempo comigo.

O evento, as exposições, as salas enfeitadas nos mostram trabalho. Percebe-se, nesse evento, o intenso trabalho de muitas professoras/os e funcionárias/os que, no dia, nos recebem animando-nos a fazer, ousar, arriscar, experimentar. Gente que pesquisa, que busca as técnicas e os sentidos de fazeres apostando nas marcas que eles precisam manter produzindo em nós. Os boizinhos... todo ano eles estão lá. Sustentar esse evento e as atividades que lá se expõem exige constante disputa no currículo. Claro, isso deveria acontecer mais, ocupar mais, mais tempo, mais espaço. Nesse dia a escola está ocupada - palavra que nos remete ao que é necessário para que o pertencimento se opere -, ocupada por arte na grama, nas paredes e muretas.  E ocupada por tempo para observar e ver como os outros fazem e fizeram.

Sou acelerada, sempre agenda cheia, muito trabalho, fazendo diferentes coisas ao mesmo tempo... O dia Um Pouquinho de Brasil produz algumas derivações nisso, é um dia em que consigo ficar sem saber o que fazer a priore, perambular no espaço da escola, olhar e me encantar com os detalhes.

Agradecida às professoras/es e funcionárias/os que organizam esse dia de arte.