Parecer da Escola da Vila sobre Alfabetização na BNCC

Escola da Vila
Produção em dupla realizada por alunos do 1º ano para o Projeto Mitos Gregos

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Por Fernanda Flores, diretora pedagógica da Educação Infantil e Fundamental 1

No meio educacional, passamos por processo de imensa importância, a definição de uma base nacional comum curricular com implicações diretas na organização dos currículos das escolas, ou seja, uma lei nacional sobre os objetivos gerais de aprendizagem, aquilo que se pretende que se ensine na educação básica para todos os brasileiros e brasileiras em território nacional.

A alfabetização é um aspecto chave na inserção e na construção de vínculos de todo ser humano com sua cultura de origem. É um ponto central, a partir do qual se decide quem são os que terão mais ferramentas para comunicar o que pensam, compartilhando um acervo social e cultural, assumindo-o como próprio, e quem ficará à margem, sem os meios suficientes para participar de forma qualificada da cultura escrita.

Quando há risco de a alfabetização voltar a ser vista como uma etapa mecânica e isolada dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita, precisamos dedicar todas as forças para nos opor, para marcar posição contrária e, certamente, para unir vozes que impactem uma revisão da versão que se encontra em discussão no Conselho Nacional de Educação.

Vimo-nos convocadas a situar uma e outra vez, quantas forem necessárias, que o documento da BNCC em sua terceira versão apresenta uma visão reducionista dos processos relacionados à aprendizagem da leitura e da escrita, aumentando a distância entre os que têm acesso a práticas pedagógicas que consideram a formação do leitor e escritor como um aprendiz de um ofício, que aprende porque está imerso, desde o primeiro dia na escola, em contato frequente e sistemático com contextos de leitura e escrita; e os que menos têm acesso, ou simplesmente são introduzidos ao mundo da escrita via a aprendizagem isolada dos nomes das letras, das sílabas e de (pseudo) textos que dizem nada a ninguém, esvaziados de sentido porque são meros pretextos para ensinar letras, sons e sua combinatória.

Vimos aqui publicar nosso parecer crítico, enviado em 11 de setembro ao Conselho Nacional de Educação, e expressamos nosso compromisso com a educação pública, com o valor da educação como direito primordial, em condições de equidade e qualidade garantidas pelo estado. Valorizamos, assim, a oportunidade de participar em discussões que deem suporte ao avanço qualificado das políticas educacionais de nosso país.

Para conhecer o Parecer na íntegra, clique aqui.