Que espaço é esse?

Por Marisa Szpigel

É no primeiro ano que os alunos da Escola da Vila passam a freqüentar as oficinas de arte. Entre as mudanças relacionadas a passagem da Educação Infantil para o Fundamental I, ter aula de arte em um espaço diferente da sala é uma conquista que marca o ingresso neste segmento.

O trabalho realizado neste início é decisivo para a construção de procedimentos e atitudes que vão acompanhar os estudantes durante todo o Fundamental I e II. Estar em oficina pode ser considerado um conteúdo importante na prática artística. Para que a criação flua é necessário que os estudantes possam se movimentar com autonomia em um espaço organizado e conhecido. Os materiais precisam estar ao alcance das crianças, para que possam buscá-los de acordo com suas necessidades e desejos, por isto, cada material precisa estar sempre no mesmo lugar.

Nas primeiras aulas de arte as crianças investigam o espaço da oficina a fim de conhecer o  lugar que cada material mora. Cada cantinho é vasculhado e as conversas giram em torno da função dos meios, suportes e ferramentas, trabalhos possíveis de fazer com eles e os cuidados em relação à organização.

As oficinas de arte podem ser comparadas aos ateliês de artistas. O espaço de trabalho pode revelar características da poética de cada um. Por exemplo, o ateliê de Mondrian segue a mesma limpeza e o rigor construtivo de suas telas.

Já o ateliê de Calder, com uma profusão de materiais por todo canto, revela o caráter experimental de sua obra, caracterizada pela pesquisa de materiais, tais como peso e leveza, cheio e vazio, equilíbrio e movimento.

No caso de nossos estudantes, é preciso aprender a compartilhar o espaço de criação, para que possam  movimentar-se em harmonia, trocar ideias e aprender uns com os outros, para investigar e experimentar as possibilidades plásticas dos materiais e de ação poética sobre o mundo.