Jogos no Parque - momento de interação e criação de novos vínculos no FII

Escola da Vila

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Por Vera Barreira, orientação do Fundamental II

- Do que eu brinco agora?

- Não tenho nada para fazer!

- Ninguém me chama para brincar... 

Muitos de nós já ouvimos frase semelhante dita por alguma criança num dos tantos momentos de tédio e falta de opção que invadem a vida dos pequenos postulantes a adolescentes de 11 e 12 anos, não é?

Na escola, muito embora repleta de amigos e espaço, essa também pode ser uma questão: o que fazer no horário do recreio?

Os alunos do FII se espalham pela escola em atividades variadas: uns jogam bola nas quadras, outros vão para o ping-pong e pebolim, alguns andam ou sentam pelo parque para conversar com amigos, há ainda os que gostam de brincadeiras de correr, como pega-pega ou esconde-esconde.

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Mas há também muitos alunos que ficam meio perdidos nesse horário, quando todos se dispersam em subgrupos interclasses. Muitos deles preferem ficar dentro da sala, onde sempre fica uma turminha e é garantido que você não ficará sozinho, mas não necessariamente interagindo com os outros. Alguns chegam a ficar isolados, se distraem com joguinhos no celular ou ouvindo música.

Pensando nesses alunos que ainda precisam de uma mãozinha na hora da interação, da brincadeira, do bate-papo, pensando em promover novas interações a partir de atividades diferentes das já ofertadas, pensando em uma forma de combater o isolamento de alguns, propusemos aos 7os anos um projeto diferente, em que eles possam ser os organizadores, tomar decisões, sugerir e resolver as questões que aparecerem. Um projeto coletivo.

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Iniciamos na aula de OE uma conversa sobre a importância de sair da classe na hora do recreio, dar uma volta, mudar de ares, ver mais pessoas, ter um tempo de relaxamento fora do ambiente onde estudam a manhã toda. Em seguida, conversamos sobre as atividades da hora do recreio: o que fazem, o que gostariam de fazer, que outras opções gostariam de ter?

Entre o que já fazem e o que gostariam de fazer, os alunos fizeram um levantamento de novas ideias de atividades que poderiam propor nesse horário. Entre as mais citadas, e que eles próprios achavam que seria possível levar adiante como projeto comum, estava a ideia de organizar um espaço para jogar jogos de mesa, como os de baralho e tabuleiro, um lugar para ouvir música e um lugar confortável para sentar e conversar.

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Conversas, ideias, discussões nos levaram a identificar um espaço amplo na escola, com mesas e cadeiras para mais de 30 crianças e com armários para guardar jogos! Um espaço que está livre nos 30 minutos de recreio do FII! Ocupamos com caixinha de som, vários jogos e um grande tapete com almofadas! Os alunos se revezam em trios ou quartetos que ajudam a colocar os jogos nas mesas e depois recolhê-los.

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Estamos há cinco semanas colocando em prática a ideia do JOGOS NO PARQUE, projeto construído e gerenciado pelos próprios alunos do 7º ano. Rapidamente a ideia contaminou outros alunos e passou a fazer parte das opções de muitos estudantes. Há dias em que o espaço está cheio, outros, nem tanto. Num balanço que fizemos com os alunos, a aprovação do lugar foi muito alta, mesmo daqueles que só frequentam uma ou duas vezes por semana.

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“É um lugar legal, você põe música, você fica lá com pessoas, até conheci umas pessoas.” 

“Dá pra conhecer novos amigos trocando figurinhas também, é muito divertido! Dá para trazer o jogo que quiser…” 

“Eu pensei que não tinha muita coisa lá para fazer, aí fui lá pra ver e achei legal!” 

“Eu gostei muito porque é um espaço diferente onde dá para descansar, ficar com os amigos. Eu joguei alguns jogos de lá, e tem outros que eu não joguei ainda, mas eu quero jogar outros dias.” 

“Eu gostei porque tem muitos jogos e todo mundo gosta de algum, então ninguém fica parado lá sem fazer nada.” 

“Eu achei bem legal ter umas almofadas ali no canto, e tem uns jogos que eu nunca tinha visto!” 

“Eu não gosto de ficar pelo parque, prefiro ficar na classe ou na biblioteca, mas achei essa sala de jogos melhor do que ficar na classe!”

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Tudo tem corrido muito bem! O único contratempo que tivemos foi a chegada, ou melhor, a invasão do espaço por uma atividade adorada, mas extremamente barulhenta, já velha conhecida de todos: bater figurinhas! Depois de duas semanas em que tudo ia bem, o espaço virou do avesso com dezenas de crianças animadíssimas falando/gritando todos juntos enquanto batiam figurinhas nas mesas. E os que não estão colecionando, e são muitos, se viram perdidos... A música? Ninguém mais ouvia! Os jogos? Ninguém conseguia jogar! Seguiu-se um debate sobre o que seria daquele espaço se as figurinhas continuassem ali. Muitos alunos, apesar de gostar de figurinhas, estavam convencidos de que não seria possível manter essa atividade ali dentro. A solução foi encontrar outro lugar para as figurinhas, e o espaço voltou a ter a tranquilidade necessária para se ouvir música e ouvir as risadas daqueles que estão se divertindo com os jogos de mesa.

Escola da Vila Escola da Vila

Esta semana, entramos numa fase nova. Os alunos perceberam que, em dias que os 7os anos têm quadra, a frequência diminui. Diante disso, decidiram abrir o espaço para a participação de alunos dos 6os anos. Fizeram o convite nas salas, e aos poucos os alunos estão chegando para conhecer e participar desse novo espaço.

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O espaço está ali e é uma nova opção para aqueles alunos que gostam de ficar na sala de aula na hora do recreio, para os que ficam meio perdidos no espaço do parque, para aqueles que gostam de ficar em grupo, que buscam novas atividades. O mais importante é que esse é um espaço que está facilitando o entrosamento, propiciando a interação entre os alunos, unindo as séries… Um espaço ao que todos são bem-vindos!