Fotografia é arte ou é ciência?

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Por Mauritz Gregorio de Vries, professor de Química do Ensino Médio

No Grupo de Investigações Científicas (GIC) investigamos fenômenos e técnicas diversas. Nos últimos anos construímos sistemas de captação de água e desenvolvemos um tratamento para torná-la potável, investigamos diversas características do solo e construímos técnicas para remediá-lo (construção de composteira e correção de pH), desenvolvemos pilhas rústicas, decompusemos a água para aproveitar o gás hidrogênio e o gás oxigênio, fizemos diversas reações químicas para obter diferentes gases e, assim, analisarmos o crescimento de plantas em diferentes atmosferas, entre muitas e muitas outras experiências.

De forma geral, a cada ano começamos o trabalho com um projeto coletivo, no qual todos os alunos estão envolvidos com o mesmo problema. Com o tempo, a partir da maior familiaridade com o laboratório, visitas a feiras de ciências e experiências com o controle de variáveis, os projetos individuais serão planejados e desenvolvidos. E, de modo gradual, o papel de construir perguntas, decidir quais materiais são necessários, planejar e replanejar o percurso investigativo e analisar os resultados é, cada vez mais, assumido pelos alunos com autonomia.

O nosso projeto coletivo de 2018 é o de fotografia, conhecimentos e aparatos. Construímos câmaras escuras e projetores e, a partir da análise desses resultados e estudos, estudamos o mecanismo da visão humana. Na sequência, fizemos nossos “pinholes” – latas metálicas com um pequeno orifício – e no seu interior colocamos um pedaço de papel fotossensível. Fizemos fotos com diferentes tempos de exposição do papel à luz e também tomamos o cuidado de medir o nível de luminosidade para calibrar as nossas câmeras. Assim, conseguimos materializar as imagens num pedaço de papel! Para revelar a imagem negativa, fizemos o nosso próprio revelador, interruptor e fixador! No momento, estamos realizando ajustes, melhorando a câmera que fizemos e testando diferentes reveladores. Para terminar, nos envolveremos ainda no desafio de fabricar o nosso próprio papel fotossensível. Imaginem a materialização de uma imagem inteiramente feita à mão?! Ao colocar a mão na massa, registrar, pesquisar, replanejar, discutir, nos envolvemos no problema de modo mais integral, de modo que nem sempre somos capazes de distinguir em nossa prática o que é técnica, o que é arte ou o que é ciência!