O reinício das aulas e o período de readaptação.

Por Daniela Munerato

Estávamos de férias... Até que um dia a roupa da escola começa a ser reorganizada, a lancheira volta para o mesmo lugar de sempre e o movimento e a rotina da casa voltam a ficar parecidos com o que era antes. Pilhas carregadas? E então bem -vindos ao segundo semestre!

As crianças, como caixinhas de surpresas que são, apresentam reações variadas diante da notícia do retorno às aulas. Algumas perguntam se poderão usar aquela blusa nova, porque o retorno é um momento de festa. Outras fazem muitas perguntas: “Vai ter aula de música?”, “Será que vai ter massinha azul?”, “A árvore do parque cresceu?”, “Vou encontrar todos os meus amigos?”, “Ainda estou no Grupo 2?” Outros, ainda, vão fazer pergunta que revelam grande curiosidade e o quanto gostavam de vir à escola, mas que vão sentir uma pontinha de vontade de ficar mais um pouco em casa, afinal a casa da gente também é um ambiente muito gostoso.

Neste retorno, às vezes, é preciso pensar uma readaptação! A despedida e a separação; o estar em outro lugar que não a casa, na companhia de muitas outras crianças, portanto tendo novamente que dividir objetos e atenção; mesmo que este lugar e as pessoas sejam velhos conhecidos. As lembranças aparecem muitas vezes de forma desorganizada, precisam de respostas para perguntas como as referidas acima, como que para estabelecerem novamente as sequências dos dias, das situações vividas. Lembrarem-se das histórias lidas, das brincadeiras que realizavam, situações nas quais eles mesmos eram protagonistas. Trata-se de um processo de reconhecimento!

Outras crianças, em um movimento de chamar a atenção dos pais, desejando conhecer suas reações, ou mesmo incertas de que tudo será como antes, podem chorar e dizer que não desejam voltar, não estão com saudades, não gostam da escola. Estamos a poucos dias do retorno, cada um tem a sua rotina, o que vai acontecer? Muita calma nesta hora. Ter calma é fundamental neste período de readaptação. As crianças precisam da certeza e da confiança dos pais em mais esta conquista!

Os pais ficam um pouco aflitos, pois se tudo é tão conhecido, por que essa história de não gostar ou querer ir para a escola? Dizer que a criança já conhece os amigos, os espaços e as professoras pode não ajudar muito inicialmente, como imaginamos, mas trazer outro olhar para este reencontro pode ser uma possibilidade interessante. Que tal separarmos aquele livro preferido para levar no primeiro dia de aula ou levar algo para mostrar à professora e aos colegas? Uma foto feita pela família na festa junina, o último evento coletivo da escola, por exemplo. Convide também seu filho a participar da organização da mochila; escolher uma troca de roupa, o lanche que trará, fazer um desenho sobre as férias... Isso tudo ajuda muito!

No primeiro dia de aula, assim como no período de adaptação do início do ano, não prometam nada que não possam cumprir. Na dúvida, respondam: “Vamos conversar com a sua professora e decidimos juntos como podemos resolver esta questão?”

Este voto de confiança, na criança e na relação estabelecida com a escola e seus professores, também favorece o sucesso neste processo. E lembrem-se: o choro na porta e a necessidade do colo da professora podem acontecer. Como vocês podem ajudar? Com as despedidas breves e palavras que revelam confiança de que seus filhos estarão bem na escola e terão muitas novidades para contar e ouvir ao longo do dia.

E fiquem tranquilos. Assim como no início do ano, tudo ficará bem em breve!