Ensino Médio visita a fábrica da Natura

Dentre outras atividades, na semana da SAD os alunos realizaram  uma visita à fábrica da Natura, tendo como base o curso de biologia. Tal atividade, porém, deu margem para algumas análises possíveis a partir de conteúdos abordados também em filosofia – o que foi feito mediante um artigo e um filme complementares. A seguir, um breve relato da visita e uma análise sobre ela.

Relatório de visita à Natura

Por Bruno Neves Sampaio - 1º ano C

Na semana de atividades diversificadas de 2011 (período em que a escola cria uma rotina diferente da do dia a dia escolar), o primeiro ano da Escola da Vila fez uma visita à Natura com o intuito de entender o funcionamento de uma empresa de cosméticos: Os fatores químicos, econômicos e sociais que estão envolvidos desde a extração da matéria prima de um produto, até o seu resultado final. (...)

A empresa procura ser sempre sustentável, então a essência da maioria de seus produtos tem uma ordem natural. Essa matéria prima é extraída em sua maioria no Pará. Não existem fazendas ou postos de cultivo, a extração acontece floresta adentro, a partir trabalho de comunidades que vivem na região. Estes fazem a retirada das matérias-primas de modo que não haja mudanças no habitat natural de outros seres vivos que vivem nos arredores. Tudo o que foi retirado pelas comunidades é vendido para a natura, que usará em seus produtos e posteriormente venderá por muito mais caro, depois de beneficiado.

Todas as substâncias que a empresa procura tirar das florestas atendem a uma demanda do mercado consumidor, ou seja, antes da criação de novos produtos, existe uma pesquisa de qual será a tendência do consumo da população, para assim, não terem prejuízos.

Em sua grande fábrica na grande São Paulo, é feita a produção, embalagem e distribuição dos cosméticos. Em todos estes processos, as máquinas são imprescindíveis e são responsáveis por quase todo o processo, e o homem está ali apenas para um toque final, ou para consertar uma possível falha nas máquinas. Existem máquinas para a confecção dos produtos, embalagem, estoque e para todo o resto que a fábrica produz.  Isso exemplifica como a substituição do homem por máquinas nas indústrias e fábricas já se deu quase por inteira. (...)

 A visita à Natura foi muito interessante, pois conseguimos conhecer uma boa parte do funcionamento da empresa, como os cosméticos são produzidos e quais os fatores sociais e econômicos dos quais uma grande empresa como a Natura depende na criação, extração e produção de seus produtos.

Reflexões sobre a beleza

Por Laura Novaes Lisboa - 1º ano A, Gabriela Kaufmann - 1º ano B e Felipe Carvalho de Macedo - 1º ano C

Um dos problemas atuais no mundo é a busca incansável da maioria das mulheres pela perfeição do corpo, acreditando que  este serve como um veículo de inclusão na sociedade. Isto pode ser visto como um problema, pois a satisfação das mulheres em relação ao seu corpo é  raramente atingida, já que a beleza é algo relativo e sempre pode ter alguém que não goste de suaparência.

Assistido em sala de aula, o filme “Benvindo à casa de bonecas” trata, entre outras coisas,  sobre isso. A protagonista do filme acaba sofrendo bullying por se achar feia pelo simples caso de não pertencer ao padrão de beleza americana, e acaba não conseguindo se encaixar em nenhum grupo social por isso. Além disso, tem o desejo de ser “popular” e acha que só irá conseguir isso se alcançar esse tal padrão de beleza. O filme também nos mostra a ideia infantil (e muitas vezes real) de que se alguém não é bonito, ele não vai conter qualidades em relação a sua personalidade.

A protagonista acaba se tornando alguém “feio”, pelo fato de outras pessoas terem “determinado” sua imagem como tal (sendo que ela não é feia) ou seja, acabamos perdendo o poder de criar nossa própria identidade, já que ela acaba sendo formada por todos, menos por nós.

O filme apresenta exageros em relação aos estereótipos, porém esse exagero é necessário para conseguirmos entender a crítica imposta pelo autor em relação ao capitalismo e ao mundo em que vivemos, onde todos tentam seguir o padrão de perfeição imposto pela mídia.

Essa busca pela aparência perfeita está sendo usado no capitalismo como estratégia de manipulação na propaganda de cosméticos, fazendo com que o consumidor acredite que beleza é preciso pois é sinônimo de saúde, aumento de auto-estima e bem estar.

A nossa visita à Natura nos possibilitou ter uma visão aprofundada sobre isso, pois vimos que essa empresa procura divulgar seus produtos como algo que nos levaria a essa tal perfeição de saúde, mente e aparência.

Criticando tais padrões, Carlos Haag, autor do artigo “A economia das aparências” (Revista Pesquisa FAPESP, setembro/2011), reforça que a busca pela perfeição está cada vez maior e, apesar de ser diferente em diversas culturas, todas elas possuem um estereótipo de beleza que tenta ser seguido religiosamente pelas pessoas. Carlos Haag procura acabar com a ideia de que só iremos nos incluir na sociedade se seguirmos tal padrão.

Depois das atividades e do debate feito na escola sobre o tema, acabamos chegando à conclusão de que muitas vezes tentamos tanto atingir os estereótipos que nos são impostos, que acabamos esquecendo de nos construir como um individuo, com nossos próprios valores e opiniões. Podemos dizer que vivemos em um mundo um tanto “superficial” e que a busca mais importante que devemos fazer é sobre quem realmente somos e como podemos apresentar as nossas opiniões e valores para o mundo de uma forma construtiva. Não que sejamos contra as cirurgias plásticas ou a busca pela beleza, mas acreditamos que existem coisas que devem ser colocadas à frente na nossa “lista de prioridades”.