Ficar à noite na escola para brincar.

Veja mais fotos da atividade de convívio no flickr:  Butantã    Morumbi

 

Por Dayse Gonçalves

Esta é uma experiência maravilhosa! E muito diferente para os pequenos. Para quem estuda de manhã, voltar à noite, só para brincar, é mágico! E para os que estudam à tarde, permanecer e tomar aquele espaço que até então estava ocupado por dezenas de crianças é igualmente mágico! Sem falar em outros aspectos da situação, como o encontro entre companheiros de diferentes períodos – no caso das crianças da Unidade Butantã – que até então se conheciam através da troca de correspondência, pelos trabalhos expostos nos murais ou deixados na secadora, pelos nomes nas pastas, no cabideiro, na lista de ajudantes, entre outros.  E no caso de duas turmas que frequentam o mesmo período – como no Morumbi -, a possibilidade de, mais uma vez, e por um período maior de tempo, se misturarem para aproveitar um espaço que vai ser só da turma do G3 e de mais ninguém! Ao menos por uma noite!

Esta atividade de convívio é organizada com muita antecedência. Há um tempo de preparo das crianças para a “grande noite”. Contar como aconteceu nos anos anteriores, ouvir as crianças que já sabem muito por conta dos irmãos mais velhos, pensar junto na maneira como vão aproveitar o tempo a ser desfrutado na escola, no jantar, na sobremesa... E este ano, no Butantã, pela segunda vez consecutiva, ainda tivemos a oportunidade de celebrar o aniversário de um companheiro querido, e posso dizer que foi muito especial para o nosso aniversariante!

Os professores se esmeraram para pensar e propor brincadeiras para o “dia” e brincadeiras para a “noite”, e nesse sentido não pode faltar um desafiante “caça ao tesouro”, que convidava os pequenos a perambularem pela escola, praticamente na sua totalidade, isto é, naqueles espaços que eles não costumam frequentar no dia a dia, na rotina habitual. E tudo isso de lanterna em punho, compartilhando com os colegas a emoção do momento. E, por que não dizer, uma pontinha de medo também.

Para alguns, é o momento de alcançar a mão do adulto mais próximo: professor, coordenador, monitor... enfim, alguém continente e mobilizado a ajudar. E por falar em medo, é sempre uma graça ouvir as crianças nestas situações. Vejam uma conversa entre mim e uma menininha, que aconteceu mais ou menos assim: “Dayse, você pode ligar para a minha mãe e pedir para ela me buscar? Eu tô com saudade dela!” “Puxa, mas justo agora que a gente vai brincar de “caça ao tesouro”?” “Então não liga agora, liga depois, tá bom?” Um tempo depois: “Dayse, agora você pode ligar para a minha mãe?” “Posso sim. Mas é uma pena, porque agora é a hora da história e vai ter encantamento!” “Ah, então não liga agora não. Eu quero ouvir a história. Depois você liga!” E quando a história acabou: “Ainda bem que tá na hora da mamãe chegar!” E nem percebeu que aguentou lidar com sentimentos tão contraditórios e ao mesmo tempo tão legítimos. Acho que dá para dizer que não foi tão difícil assim escolher enfrentar o desafio, não é mesmo?