ADENDO ADENTRO - Breves considerações e relato sobre a pintura à entrada do auditório.

Por Bartolomeo Gelpi

Quando eu estava inaugurando uma exposição no Centro Universitário MariAntonia, no primeiro semestre de 2011, recebi alguns colegas da Vila que foram à abertura conhecer meu trabalho e celebrar comigo aquela ocasião. Rosa dos Ventos era uma pintura a óleo feita diretamente sobre as colunas e paredes do local, ela batizava a mostra que também era composta por nove telas, os estudos que fiz em ateliê que resultaram na pintura construída in loco. Fazia cerca de 4 anos que eu vinha me dedicando a pinturas feitas especialmente para um local, que fossem pensadas a partir das características de um lugar específico, sejam físicas, como históricas, geográficas, funcionais, etc.

Foi exatamente naquela ocasião que soube pela Zá, coordenadora de arte da Vila, que a escola queria uma obra de arte que fosse desenvolvida especialmente para a entrada de seu recém inaugurado auditório e - ela me sugeriu - eu poderia mandar um projeto. A ideia me agradou e logo fui àquele local onde nunca tinha estado antes.

O hall de entrada do auditório tem uma janelinha por onde se vê as copas das árvores ao redor. Árvores que, no meu entender, dizem muito do que a Escola da Vila quer para si mesma, como meta, imagem, ambiente. Não há quem não note, ao conhecer a escola, como as plantas são importantes na constituição deste lugar. É também fácil entender este ambiente pleno de vegetação como uma metáfora da escola - o próprio logo da Vila sugere um movimento semelhante à germinação. No que toca à visualidade do lugar, as paredes brancas só eram quebradas pelo vermelho. Vermelho do extintor, do alarme de incêndio, da sinalização de emergência e das portas. Juntando uma coisa à outra, quis colocar aquele verde para dentro, fazendo uma projeção do retângulo formado pelo vidro da janela sobre a parede de entrada do recinto. Além de aproximar aquela referência, que fala muito a respeito da escola, do auditório, local de atividade intelectual por excelência de uma instituição, um conjunto de verdes teria sua presença potencializada pelos elementos circundantes da família complementar daquela cor. Adendo Adentro é nome da pintura, que procura reiterar esta aproximação.

Uma vez apresentado o projeto, recebi com alegria a notícia da Ana Maria: Vai dar certo, vamos fazer! Partindo para as providências práticas, paralisei outro projeto em andamento para, no tempo que restava, poder chegar ao momento da pintura devidamente preparado. Ao longo dos dois meses que antecederiam o início da execução, dediquei-me a quatro pinturas sobre tela, os estudos que definiriam as cores, a estrutura rítmica e a disposição das cores da pintura. Isso tudo é uma preparação necessária, no meu modo de trabalho, mas não exclui os imprevistos e decisões que são feitas no momento da pintura in loco.

Acertei com Silvia minha entrada logo ao final dos últimos dias de atividade da escola. A pintura precisaria do máximo de tempo possível para secagem. Em outras pinturas que realizei, utilizava um secante de cobalto, mas, naqueles casos, elas eram feitas com data certa para ser destruídas. Nas instituições onde existiram, essas pinturas integraram exposições temporárias e eu podia utilizar este recurso que agiliza demais a secagem, mas, em longo prazo, é nocivo à pintura. No início das férias, com a ajuda do Edson, que trouxe mesa, plataforma, latão de lixo, etc. transferi meu ateliê para o terceiro andar do prédio da biblioteca e, por cerca de 4 dias, trabalhei diretamente sobre a parede, terminando o trabalho na noite do dia 23 de dezembro.

Agradeço aos vários colegas da escola que se envolveram no projeto - sua realização e as atuais iniciativas para tornar a pintura ainda mais presente na vida da escola. Obrigado Ana Maria, Edson, Ernani, Luisa, Roselys, Silvia, Sônia, Vânia, Zá e a todos que entusiasticamente receberam a pintura Adendo Adentro no espaço da escola.