É meu! É seu! É nosso!


Por Adriana Reali

Aqui na Escola da Vila, desde muito cedo as crianças são convidadas a cuidar do material que é de uso coletivo e individual. Na educação infantil, a maior parte do material utilizado pelas crianças é de uso coletivo. Os lápis, as canetas, a massinha, o lego, os jogos etc, devem ser cuidados por cada um e por todos. Infinitas rodas de conversas são realizadas pelas professoras para falar sobre os cuidados e os procedimentos de uso de cada um desses materiais. Sabemos que as crianças são pequenas e precisam muito do apoio dos adultos, pais e professores, para que esse cuidado seja efetivado. À medida que as crianças crescem o cuidado e a organização do material na escola vai sendo, gradativamente, compartilhado.

Quando chegam ao final do grupo 3, última série da educação infantil, embora ainda pequenos, sabemos que já são capazes de assumir pequenas responsabilidades. No primeiro ano passam a ter o estojo com a maior parte do material que será utilizado no dia a dia. A mochila também deixa de ser padrão e cada um escolhe a sua própria mochila, mas, sem dúvida nenhuma, o estojo é a grande vedete da série.

As rodas a que me referi acima seguem acontecendo. As professoras conversam sobre os cuidados, os procedimentos de uso, o desperdício, a reposição. É nesse momento da escolaridade que as crianças começam a ter maior dimensão do que significa perder um material de uso pessoal, pois no momento seguinte irão precisar do lápis ou da cola que não se encontra no seu estojo. Em casa, durante a lição, perceberão que falta a borracha. É nesse momento que a intervenção e ajuda dos adultos faz o maior sentido. Tanto na escola quanto em casa se faz necessário conversas sobre responsabilizar-se por esse material de uso cotidiano. A reposição nem sempre deve ser feita imediatamente e a busca pelo material perdido deve ser compartilhada com o aluno e com os professores da sala.

Em cada classe há uma caixa de “achados”. Todo material encontrado sem nome e, a princípio, sem dono, é depositado nessa caixa. Constantemente os professores conversam com os alunos sobre os materiais que ali estão e estabelecem pequenas metas para que essa caixa se mantenha o mais vazia possível. Conversam sobre a identificação do material e sobre reconhecer o material perdido. É muito comum que as crianças não reconheçam seu próprio material e por isso é tão importante que as famílias compartilhem a tarefa de organização do estojo com as próprias crianças.

Ao longo de toda escolaridade seguimos investindo nesses aspectos e conversando com nossos alunos sobre “o que é seu, o que é meu e o que é nosso” e como devemos cuidar e nos responsabilizar por esses materiais de uso coletivo e individual e também nesse aspecto a participação das famílias é fundamental para que, cada vez mais, compartilhando essa tarefa, tenhamos sucesso nesse percurso.