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Por Regina Izzo Fusco
O momento de comer vai muito além de uma simples ação para nos mantermos vivos e saudáveis. Aqui na escola, para as crianças que frequentam somente um dos períodos, o momento da alimentação é o momento de lanche. E nesse sentido a lancheira é um grande sucesso, pois traz dentro dela os alimentos que as crianças apreciam comer.
Lévi Strauss, em seu livro “O cru e o cozido”, apresenta uma grande pesquisa sobre os mitos que tinham como tema o uso do fogo no preparo de alimentos. Ele enxergou no controle do fogo pelo homem o ponto central da história da humanidade. Ao dominar o fogo o homem não só se aquecia quando estava frio, mas cozinhava seus alimentos, um ato que o diferencia dos demais animais. Dessa ação surge a possibilidade de se reunir em volta da fogueira para esperar o cozimento dos alimentos, além de se esquentar.
Dessa maneira, imagino que os homens permaneciam juntos por um tempo considerável, do preparo ao consumo. Assim, como observo nos dias de hoje, a alimentação como um momento de reunião: as pessoas e as famílias costumam se reunir para se alimentarem juntas, seja para comemorar ou simplesmente porque faz parte da nossa cultura a reunião diária para suprir esta necessidade básica do ser humano.
Nós, como educadores, prezamos essa reunião de pessoas queridas em volta de um bom prato de comida. E o momento do lanche das crianças, assim como as rodas de degustação e culinária, se configuram numa grande reunião na qual conversamos, compartilhamos vivências extraescolares, dividimos alimentos, experimentamos algo diferente e preparamos receitas. De vez em quando ainda, estes momentos são acompanhados de uma boa música, que torna a situação ainda mais prazerosa. Mas, sempre lembrando que não podemos deixar de comer!
Aqui na escola temos o privilégio de estarmos inteiros neste tipo de situação. Distanciados de outros estímulos que costumam acompanhar estes momentos na rotina diária das pessoas, como por exemplo a TV, podemos interagir com os amigos ou simplesmente ouvi-los. Isso me parece importante porque, para além do convívio, a própria ação de se alimentar também se torna mais significativa. As crianças também refletem sobre o que comem, como, de que maneira. Conversam entre si sobre isso e às vezes se influenciam de maneira bastante positiva. Por isso, o cuidado na escolha dos alimentos pela família é igualmente importante.
Nesse sentido, temos linha direta com uma nutricionista que nos orienta para que possamos proporcionar um lanche saudável sem deixar de lado as características da alimentação de cada família.
Hoje em dia, além do fogo, dominamos outras ‘temperaturas’. E, com o avanço das tecnologias, podemos congelar os alimentos, prepará-los no microondas e de diversas maneiras. E no calor do nosso país tropical, vale lembrar também que é sempre bom mandar o lanche com um gelinho dentro da lancheira para conservar melhor alguns alimentos e desfrutarmos de um ‘bom apetite’!