Arte na escola.

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Por Karen Greif Amar e Marisa Szpigel

O curso Arte na escola, oferecido pelo Centro de Formação da Escola da Vila no dia 14 de abril, tinha como proposta dar um panorama de como a área de arte está organizada ao longo da escolaridade aqui na Escola da Vila, nos segmentos da Educação Infantil e do Fundamental 1. Nossa intenção era oferecer referências dessa organização também numa perspectiva de articulação de projetos, sequências e atividades habituais (modalidades organizativas) em cada uma das séries, para que os participantes pudessem entrar em contato com o nosso modo de pensar, com os fundamentos e concepções do ensino de arte.

Procuramos definir uma estratégia que pudesse, ao mesmo tempo, mostrar o currículo de arte da Vila e dar possibilidade de agir sobre ele, levantando hipóteses sobre quais são as propostas levadas para as salas de aula, trocando ideias sobre as aprendizagens que poderiam estar em jogo em cada uma delas e experimentar uma ordenação nas diferentes séries. A ideia era colocar os participantes no papel de quem está montando um currículo.

Para preparar o grupo, iniciamos com uma apresentação dos fundamentos presentes no currículo de arte da Vila. Mas como revelar fundamentos sem ser prescritivo? Queríamos que o grupo mergulhasse conosco na essência das ideias, no frescor de poder refletir sobre a contemporaneidade sem cair em fórmulas prontas e fechadas.

Nossa intenção era aproximar as pessoas de pensamentos sobre ensino da arte de modo análogo a uma situação de aproximação com a própria arte. Exibimos imagens de arte popular e arte contemporânea para revelar desde onde falamos: do contato vivo com a arte e com a cultura, do Brasil e do mundo, da arte de todos os cantos, e de várias épocas. Intercalamos textos que explicitassem o pensamento da equipe sobre como consideramos importante a construção de sentido por parte dos alunos, para que a arte chegue a eles não como uma vitrine, mas como possibilidade de agir poeticamente no mundo, para que se sintam implicados com este objeto. Permeamos imagens dos nossos alunos em ação, envolvidos em uma prática artística que abarca as diferentes linguagens -- artes visuais, música e corpo --, em situações individuais e coletivas de produção e apreciação.

Dessa forma, organizamos os participantes em grupos, tendo como critério as faixas etárias em que atuam. Distribuímos cartões representativos de vários projetos e sequências que ocorrem ao longo do ano nas classes de Educação Infantil e Fundamental 1. Os cartões continham, em média, de três a cinco imagens, em diferentes momentos do processo, com os alunos em oficina e suas produções, referência em situações de apreciação.

Com o material em mãos, os grupos partiram para uma análise inicial das hipóteses de organização curricular. Foi muito interessante observar como os grupos se relacionavam com essas imagens distribuídas, pensando nas possíveis sequências dentro dos trimestres e ao longo do ano, cada qual articulando os conhecimentos sobre os conteúdos apresentados através das imagens e suas possíveis relações.

Após a análise e a organização das imagens em uma espécie de varal, cada grupo apresentou suas hipóteses, defendendo os argumentos que os levaram a tal organização. Articular a própria prática para compreender o trabalho de outra equipe fez com que a apresentação ganhasse um caráter de troca muito grande, o que era desejado por nós. Nesse momento, priorizamos que os participantes se relacionassem com a proposta, de modo a pensar valores, conteúdos e pensamentos sobre a construção de um currículo.

Os varais de imagens foram o ponto de partida para a continuidade do curso, retomando e contextualizando as ideias apresentadas pelos participantes ao longo do dia. Com a dinâmica, o grupo de professores participantes pôde exercitar a elaboração de um currículo, identificar objetivos e conteúdos, além de refletir sobre a própria prática.