Educação Infantil e inclusão.

Escola Projeto 21

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Por Maria da Paz Castro (Gunga)

A inclusão de alunos com deficiência no segmento da Educação Infantil foi um dos temas dos cursos promovidos pelo Centro de Formação da Escola da Vila, no Seminário Itinerante de Curitiba, no dia 5 de maio.O evento aconteceu na Escola Projeto 21 que sedia os eventos promovidos pelo Centro de Formação dirigidos aos educadores do Paraná .

É possível afirmar, baseados nas experiências que a presença de alunos com toda sorte de desvantagens (de caráter orgânico, intelectual ou psíquico) em nossas salas de aula nos proporcionaram, que é neste segmento da escolaridade que o processo de inclusão de cada um deles acontece de forma mais tranquila e segura. Podemos atribuir esse “sucesso” a uma série de fatores: em primeiro lugar, quando chegam à escola, as crianças estão, todas elas, estreando suas vidas fora do espaço familiar e descobrindo juntas as “dores e delícias” de viver em grupo e ampliar seus laços de afeto para além das pessoas que fizeram parte de suas vidas até então. Pensamos também que, ao contrário do que acontece com os alunos mais velhos, o olhar que essas crianças dirigem aos colegas não busca e não se baseia no que é comum a todos, e, sim, nas características individuais de cada um. Assim, neste momento, forma-se um grupo, composto por todos, e cada um, diverso, como nunca deixará de ser.

Dito isto, a grande questão que se colocou para as professoras que participaram do curso foi: “Mas, se a própria estrutura do segmento é tão propícia à tarefa de incluir, qual a função de um curso de inclusão que aborda apenas este segmento?”. Inauguramos, neste momento, uma série de reflexões, que nos levaram a transformar esta questão em outra, esta sim, promissora e instigante: “O que podemos fazer para que essas características do segmento nos ajudem a fortalecer o processo de inclusão ao longo de toda a escolaridade desses alunos?”. 

Passamos, assim, a pensar não mais nas dificuldades e nos desafios da inclusão, mas nas situações em que ela ocorre naturalmente, e podem ser potencializadas, de forma a tornar o longo caminho em busca da aprendizagem e da formação social das crianças com deficiência, mais seguro e promissor.

Pudemos, a partir daí, traçar algumas metas, transformando cada uma dessas possibilidades que o segmento nos oferece em material de trabalho. Desta forma, uma vez que a faixa etária das crianças favorece a construção de um olhar que muito pouco ou nada se diferencia daqueles que apresentam algumas singularidades, faz-se importante fortalecer as relações entre essas crianças e o grupo como um todo, pois, assim, a percepção das “diferenças” acontecerá num momento em que o que é potente e preservado nelas já foi estabelecido. Outra característica que pode contribuir é a proximidade das competências de todos,  em muitos aspectos, ainda que algumas crianças apresentem comprometimentos de diversas ordens. Neste segmento, todos podem participar de todas as atividades propostas, apresentando produções quase sempre bastante parecidas, o que não é possível garantir nos segmentos vindouros. Quanto mais seguras para atuar nas atividades as crianças estiverem, maior será a disposição para a aprendizagem, e mais seguras se sentirão para enfrentar os desafios que as esperam.

Podemos pensar também no quanto a participação dos pais, em eventos da escola e fora dela, é importante e potente neste momento: é nessa hora que se apresenta a grande oportunidade de os pais participarem e, de fato, fazerem parte da comunidade de pais da escola, pois estão sempre por perto de seus filhos, tanto nas reuniões quanto em festas e encontros em outros lugares. Assim, incentivar a participação de pais e filhos se coloca como uma importante tarefa, tanto do professor quanto da equipe de orientação da escola.

Por último, mas não menos importante, abordamos o caráter profilático da Educação Infantil. Podemos dizer que o professor desse segmento, com o tempo, torna-se “expert” na tarefa de perceber algo que possa não estar ocorrendo do jeito que se espera para algumas crianças, e encontrar, com sua equipe de orientadores, a melhor maneira de encaminhar essas questões à família.

Foram essas as reflexões que deram ao nosso encontro um caráter bastante produtivo, voltando o olhar do professor para os aspectos positivos do segmento e da atuação de cada um deles, pensando em fazer o que já é bom ficar ainda melhor e mais promissor.