“Mãe, me empresta seu batom? Quero sair como você hoje!

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Por Érica Ditolvo – assistente de Orientação Educacional do Fundamental 1

Essa fala pode ser algo natural de uma criança ou causar preocupações. O que será que tem por trás do que essa filha pede à mãe, uma brincadeira de imitação ou a ideia de que já é grande o suficiente para andar como uma adulta?

Há uma grande diferença entre a criança brincar de imitar os adultos, fazer shows, brincar de mamãe e filhinha, de cientista e, “fora da brincadeira”, querer se portar como tal, se maquiando ou sentando para conversar como se tivesse 30 anos.

As crianças têm vivido uma forte estimulação que vem da mídia, da cultura e da sociedade para que amadureçam logo. Atualmente, não é incomum vermos uma criança passeando com suas famílias parecendo um pequeno adultinho.

Se pensarmos na importância da infância como uma fase do desenvolvimento em que se conhece o mundo, aprende a se relacionar com o outro, experimenta papeis através do faz de conta, entre tantas outras novas experiências, teremos clareza de como não há motivos para que atropelemos uma etapa tão importante (e gostosa!) do crescimento. Mas então, por que será que vemos tantos pais orgulhosos de seus filhos serem tão “maduros”? De onde vem isso?

O limite entre o mundo adulto e o infantil está fragilizado. As informações circulam livremente e fazem com que as crianças fiquem expostas a conteúdos que não são apropriados.

E, por falar em informações inadequadas, até que ponto devemos responder às curiosidades de nossas crianças? A nós adultos cabe permitir que entrem em contato apenas com aquilo que elas têm possibilidade de entender, de elaborar. É muito comum que as crianças, por volta dos 5 ou 6 anos, comecem a se interessar por temas como “de onde viemos?”. Nessa idade as crianças ainda não conseguem dar sentido aos detalhes do processo reprodutivo, e nem precisam. Portanto, devemos responder a questão, sem dúvida, porém de modo simples.

Esses mundos também se confundem quando os pais, para cuidar do futuro de seus filhos, oferecem tantas atividades e responsabilidades, que acabam sem muito tempo para algo que é fundamental na infância: brincar.

Já que estamos imersos nesse mundo que influencia nossas crianças a se tornarem logo pequenos adultos, o que podemos fazer é deixar o mais claro possível que cada coisa tem seu tempo e por enquanto é hora de aproveitar SER CRIANÇA!