Mitos, bobagens e mentiras sobre o construtivismo

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Por Sônia Barreira

O construtivismo popularizou-se. Antes, quando era privilégio de poucos que estudavam teoria piagetiana, o termo “construtivismo” pertencia a um certo campo conceitual, mas, generalizou-se e passou a ser usado no senso comum.

Todos sabem o que é o construtivismo e todos tem suas opiniões sobre ele. O único problema é que não sabemos se estamos todos falando da mesma coisa.  As revistas tentam ensinar um meio simples para diferenciar uma proposta de outra, oferecendo quadrinhos simplificadores com exemplos improváveis. As escolas explicam em seus sites, folhetos e documentos de apresentação da proposta pedagógica com linguagem densa e extensa. Os professores procuram explicitar em seus relatos sobre a prática, em que consiste a proposta construtivista! Muitos a defendem, outros tantos a criticam.

O fato é que a divulgação de conceitos que fazem parte de uma teoria, fora de seu contexto, leva, inevitavelmente à deformações. A grande  circulação das ideias piagetianas entre leigos, em processos superficiais de formação de professores, contribuiu para a construção de mitos e bobagens sobre o construtivismo. Mais recentemente, interesses comerciais de grandes grupos editoriais, têm influenciado artigos e reportagens tendenciosas que ultrapassam os equívocos de sempre e inauguram a construção de dados falsos e mentiras sobre a prática construtivista.

Mito número 1: Na proposta construtivista o professor não ensina, o aluno é levado a descobrir o conhecimento!

Não há como compreender um conceito sem reflexão pessoal, é necessário atividade intelectual para a assimilar algo que vá além de uma mera informação, que tenha a complexidade de um conceito.

Em propostas construtivistas sérias, o professor é muito mais do que aquele que dá as informações numa determinada ordem, mas faz isso também, evidentemente!  Faz isso de modo que o aluno tenha forte atividade intelectual, problematizando, questionando, pedindo explicações, informando, repetindo, mas não ensina independente do aluno, há um grau de interação em sala de aula que garante que o aluno se aproprie do saber através de reformulações, comparações, e é claro, da compreensão!

Portanto, dizer que o professor construtivista não ensina e espera o aluno descobrir é no mínimo um equívoco, mas pode ser também desejo de deixar o professor com a simples tarefa de dizer o conhecimento, e esperar do aluno, todo o resto. Não é o nosso caso.

Ensinamos e acompanhamos de perto o processo de aprendizagem do aluno.