Ensino Médio leva Jean Tardieu para São Caetano

Por  Rafael Ihara - aluno do 3º ano do Ensino Médio

Quando surgiu a proposta da apresentação de teatro em São Caetano do Sul, fiquei animado. Era a oportunidade de nos apresentarmos para um público diferente – de outra cidade, inclusive. Entretanto, o Tuna, nosso diretor, nos disse que, para participar desse festival, era necessário passar por um processo de seleção. Felizmente, passamos; mais que isso: fomos escolhidos para abrir o festival, no dia primeiro de outubro.

O tempo foi passando, os ensaios foram saindo, e a apreensão foi tomando conta de todos os atores. Cada um da sua maneira expressou preocupação. Afinal, não poderíamos contar com a presença de dois integrantes do grupo, que estariam viajando no dia da apresentação. Como se não bastasse, por um imprevisto no dia anterior, um terceiro ator não pode participar da peça – e ele teve que ser substituído às pressas. Resultado: deixamos de apresentar um pequeno trecho de “Uma peça por outra”, de Jean Tardieu. Acredito que devido à apreensão, ao nervosismo e aos improvisos que se fizeram necessários com as ausências, os ensaios finais não foram dos melhores – assim como a apresentação.

A plateia estava vazia – mais da metade dos lugares estavam vagos. Porém, mais satisfatório do que o convite para participar do festival, mais gostoso do que o lanche que comemos nos camarins antes da apresentação, foi ouvir, ao desenrolar de cada cena, a inconfundível risada dos alunos da Escola da Vila, que se dispuseram a ir até São Caetano só para nos prestigiar. Isso foi, com toda certeza, o mais prazeroso. Nos fez crer que depois de uma viagem extremamente cansativa nos dias anteriores, de um dia cheio de ensaios, adaptações, stress e angústia, todo o trabalho do grupo de teatro estava sendo revertido em entretenimento, diversão para aquele público tão fiel. Sem falar naqueles que foram para São Caetano mais cedo, junto com o grupo de teatro, nos fornecer apoio incondicional, ajuda sem medir esforços. À Dora Leroy, à Gabriela Sakata, à Giulia Matteo e ao Pedro Teixeira, nosso sincero agradecimento.

Os aplausos da plateia foram calorosos, assim como a parabenização de nossos colegas ao fim da apresentação. Os organizadores do festival sempre fizeram questão de enfatizar que esse evento não pretendia fomentar a competição, apesar das premiações e dos comentários dos críticos de teatro presentes.

Confesso que fiquei um tanto quanto ressentido com o comentário de uma mulher que não mediu esforços para nos criticar. Em sua fala, deixou claro que não compreendeu absolutamente nada de nossa apresentação – o que a impulsionou a colocar vários defeitos em elementos apresentados na peça e que foram detalhadamente trabalhados conosco pelo nosso diretor, Tuna Serzedello (a quem também devemos infinitos agradecimentos).

Depois dessa minha má impressão de alguns dos críticos de São Caetano, organizadores do festival, o abraço sincero e singelo daqueles que entenderam a peça e nos parabenizaram me animou (e tirou metade de todo o cansaço que aquele dia me proporcionou).

Faço um agradecimento mais que merecido ao Setor Cultural da Escola da Vila, pois Luísa Furman e Vicente Régis fizeram o impossível tornar-se possível (como quando fizeram caber o enorme banco e a gigante mesa no pequeno ônibus que transportou os alunos). Obrigado aos dois por acompanhar todo o processo de preparação para a apresentação e por terem se colocado à disposição para o que precisávamos.

Apesar de não ter sido a melhor apresentação do grupo de teatro da Escola da Vila, foi muito prazeroso levar um pouco de diversão àqueles que assistiram nossa encenação de Jean Tardieu em São Caetano do Sul naquela segunda-feira à noite.

Assista aos melhores momentos de Uma peça por outra.