O papel da escrita nas aulas de Matemática

Por Laís Oliveira e Maria Clara Galvão - Formadoras que atuam no Núcleo de Matemática

 

Explicar na aula de matemática! Que as crianças expliquem! Que argumentem! Que possam relacionar as razões que validam seus procedimentos, seus resultados, suas hipóteses. Que se encontrem com os fundamentos do trabalho que realizam. Que averiguem a lógica interna das situações às quais são convocadas. Que toquem a raiz. Que se sintam com capacidade – com liberdade, com autoridade – para intervir sobre o conhecimento. Que produzam ideias usando ideias.

Patricia Sadovsky

 

Por muito tempo, a escrita foi estranha a essa área do conhecimento, afinal esse era o terreno dos cálculos e números. O trabalho com registros escritos se restringia a atividades de memorização, cópias de procedimentos e conclusões elaboradas, na maioria das vezes, pelo próprio professor.

Com os avanços nas pesquisas da área, o trabalho com a escrita passou a ter outro enfoque. Essa passou a ocupar um papel fundamental no processo de aprendizagem dos conceitos matemáticos, na medida em que participa de forma substancial de procedimentos tais como: levantar hipóteses, dar explicações, argumentar, institucionalizar saberes. Procedimentos esses que estão no cerne de um trabalho que considera a Didática da Matemática.

Nesse contexto, as crianças são levadas não só a resolver problemas através de cálculos e números, mas também a escrever para explicar o que fizeram, para argumentar em relação a uma suposição, para registrar saberes institucionalizados. Assim, quando são colocadas para pensar e registrar a respeito de algo que antes estava apenas no plano da ação, podem transformar a ação em linguagem, possibilitando, assim, um avanço conceitual em relação às suas aprendizagens.

Dessa maneira, a escrita se torna uma ferramenta importante para o aprendizado dos conteúdos da matemática, um referencial relevante para o ensino que considera a atividade intelectual, a produção e as ideias dos alunos. Quando se propõem situações para que os alunos pensem sobre determinado foco de estudo e registrem o que aprenderam sobre ele promove-se a articulação entre os saberes “antigos” e “novos”, fazendo circular as ideias, reavaliando certezas, suscitando dúvidas... E, por consequência, tornando o sujeito aprendiz protagonista de sua própria aprendizagem.