Em defesa do professor construtivista

Por Miruna – professora do 3º ano D

O que significa ser um professor construtivista?

Se fosse verdade que em uma escola construtivista o aluno é quem dita o ritmo da aula, que nessas instituições as aulas são guiadas somente pelos interesses dos alunos, que o professor é um mero espectador da ação educativa, nós, professores construtivistas, apenas teríamos que chegar às nossas salas de aula, indagar quais eram os interesses do dia, seguir o rumo dos alunos e com sorte, esperar que eles decidissem ter vontade de aprender a ler e escrever, somar, subtrair, etc.

Mas muitos sabemos que essa não é a realidade de uma ação educativa orientada e baseada nos pressupostos construtivistas. Nós professores sabemos que nas escolas existe um currículo que organiza os conteúdos a serem trabalhados em cada ano escolar e ao longo de toda escolaridade. Sabemos que para conhecer este currículo dedicamos muito tempo estudando o que acontecerá em sala de aula e preparando-nos para trabalhar com aquelas ou estas atividades. Sabemos que o fato de considerarmos nossos alunos não quer dizer esperar que eles guiem nossas aulas ou que venha deles o que deveremos ensiná-los, mas sim significa valorizar a necessidade de conhecer profundamente cada um deles, para saber e considerar o que já sabem e ajudá-los naquilo que ainda necessitam se apropriar.

Para um professor seria realmente muito mais fácil chegar à sua sala de aula sabendo que já conta com um material que contém tudo o que os alunos farão ao longo de todo ano. Daríamos fichas e mais fichas para que eles fizessem e refizessem e ao final daquela etapa da escolaridade, em teoria, todos teriam aprendido o mesmo e da mesma forma. Mas não só como professora, mas como ser humano que acredita na complexidade e grandeza do aprendizado humano, como alguém que, como muitos, entende que os alunos e alunas são sim crianças que não sabem algumas coisas, mas também são sujeitos ativos em seu processo de aprendizagem, e que sabem muitas coisas também, defendo o trabalho do professor construtivista.

Aquele professor construtivista que não é um profissional que está esperando seus alunos dizerem o que deve acontecer, mas que planeja detalhadamente o que fará dentro da sala de aula. E para esse planejamento, considera reflexões e estudos onde se procura compreender como as crianças aprendem e o que podem colocar em jogo quando realizam atividades para conhecer, por exemplo, os textos que existem socialmente, e não copiá-los como se isso as ensinasse a escrevê-los. E depois do planejamento, é um professor que propõe um trabalho dentro da sala de aula colocando seus alunos para pensar e refletir, não sozinhos, mas também em grupo, pois estar em uma escola também significa vivenciar um processo coletivo de aprendizagem, onde as interações ensinam muito mais do que fichas repetitivas.

Ser um professor construtivista significa efetivamente uma dedicação constante à sua prática educativa e aos nossos alunos e alunas. E acreditar que se estamos na educação, é porque acreditamos que lidamos com sujeitos individuais vivenciando processos complexos, e não pessoas cuja aprendizagem poderia caber dentro de uma caixa.