Estalactites, estalagmites, opiliões, grilos albinos... Os encantos das cavernas!

Por Vera Barreira e Celina Martins, com comentários de alunos do 7º ano.

O Trabalho de Campo do 7º ano acontece no PETAR, na região do Vale do Ribeira, interior de São Paulo. Nessa oportunidade, os alunos desenvolvem estudos relacionados às áreas de Ciências Naturais e CHG. Mas, para eles, acima de tudo, passam por uma divertida aventura na escuridão e no silêncio das cavernas.

“As visitas às cavernas foram ótimas, pois foi muito fácil de aprender e muito mais legal, sem contar com a beleza das cavernas. Era realmente incrível pensar que, em uma das cavernas, pessoas moraram há 8000 anos, e que, há milhares de anos atrás, uma ‘goteira’ com calcita formou um espeleotema gigantesco.” Jerônimo F. Ramos, 7º ano.

Os Trabalhos de Campo são planejados com o objetivo de viabilizar experiências de estudos mais próximas da realidade e favorecer a integração do grupo. São utilizados procedimentos próprios das disciplinas envolvidas, como a coleta e a análise de dados de campo, a observação de fenômenos no local em que ocorrem e os procedimentos de investigação. Dessa forma, busca-se atender à necessidade dos alunos de vivenciar atividades diferenciadas das oferecidas no espaço da escola e de interagir mais intensamente.

“Aprender lá é melhor, mais divertido, sem falar que nós vemos as paisagens, os objetos, as pessoas; nós não vemos apenas imagens nas apostilas. Achei demais a viagem. Pretendo voltar ao PETAR.” Manoel T. Bacal, 7º ano.

Localizado no sul do Estado de São Paulo (a aproximadamente 300 km da capital), próximo às cidades de Apiaí e Iporanga, o PETAR abriga um importante complexo subterrâneo (cavernas) composto por rios, cachoeiras, estalactites e estalagmites, com curiosas e inusitadas formações, que se destacam pela sua composição geológica. É também uma das poucas regiões do Brasil que conservam, em seu estado natural, grande porção da Mata Atlântica.

“Eu acho que os monitores da Quíron eram muito legais, pois eles explicavam bem sobre as cavernas e sobre a mata. Eles sabiam ensinar muito bem sobre o PETAR. Os monitores não ficavam muito no nosso pé, e isso era bom." Matheus Eger, 7º ano.

Este Trabalho de Campo, além de permitir um tratamento contextualizado das disciplinas envolvidas, constitui-se também numa experiência valiosa para nossos alunos, que têm a oportunidade de conhecer e interagir com um espaço tão contrastante com a realidade urbana em que vivem cotidianamente. Dentro das cavernas, encontramos um mundo totalmente diferente! Um lugar silencioso, de uma escuridão profunda, ornamentado por espeleotemas lindíssimos e habitado por criaturas interessantíssimas! Nas cavernas fazemos alguns blecautes: apagam-se as lanternas, fazemos silêncio e tentamos sentir o que é habitar aquele local. Do lado de fora, caminhamos ao lado do rio Betari, numa paisagem verde exuberante, atravessamos o rio com nossos sapatos numa água gelada muito bem-vinda para refrescar a caminhada de quase uma hora para alcançarmos a Caverna Água Suja.

“Os monitores eram bons, mas, se uma folha caísse no chão, teria explicação!” Leticia Pedroso, 7º ano.

Além das atividades nas cavernas e trilhas da região, os alunos realizam uma entrevista coletiva com representantes da comunidade de Ivaporunduva, remanescente de um quilombo local. Os alunos foram preparados com algumas perguntas para fazer e participaram de um bate-papo muito interessante, conhecendo uma forma de organização comunitária muito diferente do que se vive nas grandes cidades.

“No primeiro dia fomos para a RPPN, onde tivemos uma entrevista com Ditão, o líder de um dos quilombos. Foi muito interessante ter contato com um povo mais solidário e unido, pois eram fugitivos.” Laura Izuno, 7º ano.

Por isso tudo, a viagem é uma grande aventura! Os meninos e meninas se sujam, são picados por mosquitos, entram nos rios, veem animais nunca vistos antes, plantam mudas de palmito, voltam com uma mala cheia de roupas enlameadas!

“Surtamos um pouco no começo, com a lagartixa e a perereca que estavam no nosso quarto (...). Foi muito bom aprender lá, pois o ambiente é mais natural e diferente da costumeira sala de aula.” Mariana Luize, 7º ano.

“O lanche que comemos no passeio poderia ser melhor. Poderiam trocar o suco e o sanduiche de ricota.” Caio M. Arruda, 7º ano.

Os lugares onde nos hospedamos e visitamos são simples, limpos e agradáveis, mas sem luxos, e isso é importante, é bom. Há aspectos educacionais muito interessantes que são desenvolvidos ou reforçados ao fazermos isso. É uma oportunidade importante para o trabalho com respeito à diversidade cultural e econômica, entre muitas outras coisas.

“Na pousada ficamos frustrados, pois encontramos muitos sapos, mas não esperávamos por luxo, pois este não era o objetivo da viagem.” Antonio Pedro Ayd, 7º ano.

Cuidamos, sim, da segurança. Temos vários adultos por grupos, equipamentos imprescindíveis como capacetes e lanternas, mas, ao mesmo tempo, é possível que se arranhem, levem alguns tombos, que deem cabeçadas em estalactites. São eventos comuns numa aventura como essa.

“Os monitores eram bem educados, acompanhavam a gente, indicando onde e como seguir o caminho. Eles contavam historias e nos ensinaram coisas sobre os animais das matas e das cavernas.” Alexandre M. Cardoso, 7º ano.

Para as crianças, uma hora numa caverna, andando por pouco mais de 800 metros, se transformam em horas e horas de aventuras por túneis infinitos... Elas vivem a viagem de forma intensa e, de certa forma, até exagerada e trazem isso na volta. Isso faz parte, e é um último suspiro do mundo de fantasias que elas carregam da infância. É bonito que vivam a viagem desta maneira.

"O maior problema era, depois de passar cinco horas em uma caverna, ter que subir uma montanha enorme a pé para voltar à pousada. Eu acho que, nas próximas viagens, deviam ter mais entradas nas cavernas, que almoçássemos em outro lugar no primeiro dia e que pudéssemos ficar lá mais tempo." João Pedro V. B. Jabor, 7º ano.

Consideramos importante que nossos alunos tenham a chance de visitar lugares tão ricos em biodiversidade como a Mata Atlântica e tão surpreendentes como as cavernas do Petar, mas consideramos ainda mais especial que eles sejam tocados pelo maravilhamento com a vida natural, tanto em sua exuberância quanto pelo esforço de sobrevivência em ambientes inóspitos. Esperamos, assim, que, ao crescerem, nossos alunos possam contribuir para que nossa biodiversidade seja valorizada e preservada.

"Achei muito legal ter ido à piscina natural do PETAR. Pudemos brincar e descansar um pouco, nadando em água de rio, coisa que muita gente nunca fez." Heloísa Salles C., 7º ano.