Dora Leroy

Dora Leroy estudou na Escola da Vila por 14 anos. Ao longo do 3º ano do Ensino Médio lançou mão de diferentes estratégias de apoio à sua preparação para vestibular. Foi aprovada no curso de Letras da Universidade de São Paulo.

Por Dora Leroy

O processo de escolher que curso prestar depois de completar o Ensino Médio foi rápido. Tinha decidido que eu iria prestar Letras (apenas na USP) desde que entrei no segundo ano, mesmo tendo o vestibular relativamente distante de minhas preocupações. Cheguei no terceiro ano com uma ideia na cabeça e longe de qualquer tendência de mudança. Não estava sendo cabeça fechada; fui visitar outros cursos que também me interessavam, mas nada pode “superar” a minha expectativa de cursar Letras. Mesmo que essa expectativa tivesse sido construída sobre pernas bambas e opiniões negativas.  A maioria das pessoas com quem pude conversar sobre cursar Letras na USP dizia que não era fácil. Que o curso era fraco, não era autossuficiente. Que muitos dos alunos apenas prestavam Letras por ser um dos cursos mais fáceis da USP e, por isso, tinha muita gente desinteressada, contribuindo para um quadro final bastante pessimista. Além daquela frequente afirmação de que quem faz Letras vira professor, ponto. O curso da USP foi feito para formar professor, seria difícil driblar o destino.

Comecei fazendo somente as revisões na escola que interessavam ao meu curso. Muita história e língua portuguesa. Palestras, de vez em quando. Nada de biologia, física, matemática, química. Li todos os livros requeridos para o vestibular no primeiro trimestre, confesso que não acabei nenhum. Estava um pouco relaxada com o vestibular, afinal, sempre me falaram: é Letras! Você já passou! Porque está se preocupando?  Devido à isso, não fiz inscrição em nenhuma outra instituição e não fiz ENEM. Quando a prova foi chegando mais perto, me arrependi de muita coisa. Deveria ter me inscrito pelo menos no ENEM, caso algo desse errado; e porque não fiz as revisões mais seriamente? Afinal, a Fuvest não é composta somente por história, língua portuguesa e assuntos da atualidade. No pânico, me inscrevi em um cursinho de matemática e física. Não ajudou muito, foi tudo muito em cima da hora, consegui rever um oitavo dos assuntos que deveria ter estudado.  Quando a primeira fase chegou, saí de lá chocada. Estava difícil demais! O pessoal da Fuvest sonhou alto nessa prova. Fiquei com um medo danado de corrigir o meu gabarito, mesmo sabendo que a nota de corte de Letras era ridiculamente baixa. Acabei passando bem na primeira fase, mas o nervosismo cresceu e fui fazer cursinho para me preparar pra segunda fase! Foram apenas duas semanas, mas acho que ajudou a pegar o jeitão da segunda fase e enfrentar algumas questões antes da prova.

Para ser bastante sincera, esse período de vestibular não carregou a quantidade de estresse que eu esperava (apesar da ansiedade). Escolhi o que realmente queria fazer e, por sorte, não me matei de estudar para enfrentar a Fuvest. No meu caso, o vestibular não amedrontou por ser muito difícil, mas por significar uma nova experiência longe dos amigos e dos queridos professores da escola. Porém, estou bastante animada, aconteça o que acontecer na Letras!