As crianças pequenas aprendem sobre o meio físico.

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Por Daniela Munerato

A curiosidade é uma característica da infância. As crianças exploram o mundo tentando compreender fenômenos que os cercam, imersas num movimento de intensa interação com ações e reações, mudanças constantes e adaptações.

Donas de um pensamento egocêntrico, que faz com que partam de suas próprias experiências para poder explicá-las, é comum acompanharmos as crianças procurando a família dos insetos no jardim, colocando os tatus-bola para dormir, tentando entender o que fez uma planta crescer, explicar por que um gelo que estava no seu suco sumiu e o que aconteceu com o milho que virou pipoca, por exemplo.

As mesmas situações no contexto escolar merecem um olhar que vai além da curiosidade, mas representam situações importantes de aprendizagem. Estamos falando do conhecimento do Meio Físico. Nesta área de conhecimento, o estudo dos fenômenos considera não apenas os conceitos estruturantes, como ideias que permeiam os conhecimentos e favorecem o estabelecimento de novas relações entre eles, mas as diferentes maneiras de indagar, argumentar e comprovar. Ainda neste contexto, iniciamos a apropriação de procedimentos importantes, como as observações, o levantamento de hipóteses e os registros.

O principal propósito é causar a reflexão, trocar ideias e aproximar-se, progressivamente, de conceitos que serão revisitados ao longo da escolaridade, como matéria e transformação, por exemplo. O que, para as crianças, envolve exploração em brincadeira, para o professor, constitui uma atividade com objetivos muito claros, com encaminhamentos previstos, desde as perguntas que disparam problemas aos alunos até a sustentação de troca de pontos de vista e de explicações infantis. Como exemplo, podemos citar o transporte de água de um grande balde para as banheirinhas, para que as crianças possam dar banhos em bonecas e bonecos no momento de parque. As crianças precisarão escolher utensílios disponibilizados para esta atividade, como pratos, panelinhas, peneiras, garrafas plásticas, colheres, entre outros.

O professor registrará esta atividade com fotos e retomará esta situação em outro momento da rotina, para que as crianças observem características da água e reflitam sobre as facilidades de transportá-la em panelinhas e as dificuldades das peneiras, por exemplo. As crianças serão convidadas a justificar as suas escolhas, refletindo sobre suas experiências e, ainda, observando e compreendendo as experiências das outras crianças, praticamente imperceptíveis no dia da brincadeira proposta.

Vale considerarmos, ainda, neste exemplo, que, num primeiro momento, o foco das crianças será o utensílio escolhido. E, retomando o segundo parágrafo deste texto e as características desta fase do desenvolvimento infantil, as respostas terão como justificativa os utensílios e não a água, como se eles tivessem vida – puro animismo infantil, dar vida aos objetos. Portanto, a culpa de a água escorrer será dos buraquinhos da peneira ou do prato, que deixou a água cair.

As intervenções do professor terão como um dos principais objetivos questionar as crianças, para que tenham a oportunidade de ampliar seus olhares sobre a questão, fato que não garante a mudança nas respostas, mas contaremos com a possibilidade de elas apresentarem outras justificativas e seguirem pensando nelas, como: “a água caiu porque é molinha!”.

Sim, nossos pequenos aprendizes já podem aproximar-se dos conceitos desta área de conhecimento. E nós, enquanto escola, aproveitaremos este tempo totalmente favorável às aprendizagens, um tempo que não voltará, no qual as experiências vividas e refletidas serão fundamentais para os próximos segmentos.