Por Fermín Damirdjian
Nas próximas semanas será exposto, na área comum da escola, um ensaio fotográfico elaborado pelos alunos do 1º ano do Ensino Médio de 2013, a partir da viagem de campo para o Rio de Janeiro em maio de 2013. A articulação entre os elementos da vida urbana que conformam o espaço geográfico e sua abordagem literária dá as bases para o olhar dos alunos, concretizado por suas fotografias feitas em campo.
“Uma das coisas mais importantes da ficção brasileira é a possibilidade de ‘dar voz’, de mostrar em pé de igualdade os indivíduos de todas as classes e grupos, permitindo aos excluídos exprimirem o teor de sua humanidade, que de outro modo não poderia ser verificada. Isso é possível quando o escritor, como João Antônio, sabe expressar a intimidade, a essência daqueles que a sociedade marginaliza, pois ele faz com que existam, acima de sua triste realidade”.
CANDIDO, Antonio. Na noite enxovalhada.
Além de aspectos relacionados à apropriação do espaço urbano, somam-se ao trabalho de campo do Rio de Janeiro as leituras do volume Sete vezes rua, de João Antônio, e de Clara dos Anjos, de Lima Barreto. Estas obras permitem o enriquecimento de um olhar sobre a vida urbana em uma metrópole que ostenta desde grandes eventos de ampla repercussão midiática até obras literárias que surgem como representações populares da vida cotidiana nesse mosaico urbano.
O volume Sete vezes rua, de João Antônio, reúne textos em que se pode observar um grau maior ou menor de literalidade. Alguns se configuram como contos; outros estão mais próximos do jornalismo literário. De todo modo, estão presentes diferentes pontos de vista sobre a cidade e sobre a vida urbana. São vozes que emergem do subúrbio, das ruas, de um Rio de Janeiro que não está nos cartões postais.
A leitura de Clara dos Anjos e a reflexão sobre o subúrbio carioca no contexto do século XIX, ali retratado, permitiram aos alunos do 1º ano do Ensino Médio uma análise rica da relação das personagens com o espaço, bem como o olhar delas para a dinâmica da cidade e para pensar sobre o que suas vozes expressam sobre a relação com o espaço urbano.
O ensaio fotográfico que compõe a exposição foi realizado no Morro da Conceição, bem como a seleção das passagens da obra de João Antônio atribuídas a cada foto. Tudo isso foi produzido em conjunto pelos alunos do 1º ano do Ensino Médio.