Relato da vivência do aluno Pedro Frias no SPMUN

28_8_2013

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“Quando eu crescer, quero ser igual a você”, foi o meu pensamento surreal ao ler o texto do aluno Pedro Frias, 2º ano. Ele começa com uma sinceridade até exagerada, confessando que sua euforia pela atividade do SPMUN não estava em sintonia com a responsabilidade necessária. Depois, escreve com muita seriedade e um quê de decepção, ao perceber que a intenção da ONU nem sempre condiz com a realidade. Por fim, faz elogios ao trabalho da Vila, enfatizando a importância de viver uma experiência como a simulação do SPMUN para dar ainda mais sentido aos estudos na Escola.
É com muito orgulho que apresento o texto do nosso aluno, desejando a todos boa leitura.

Susane Sarfatti

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Por Pedro Frias

Eu me inscrevi para o SPMUN euforicamente, sem pensar em demasiado no que podia se desdobrar durante essa semana de simulações que eu encararia nas férias. As semanas se passaram, e logo faltavam apenas quatro dias para o início do SPMUN. Foi aí que me dei conta de que não tinha procurado, estudado ou visto qualquer coisa sobre a minha representação, no caso a Costa Rica. Foi neste momento que o pânico se fez, e ainda por cima era preciso escrever um documento de posição oficial perante as questões do meu Comitê, o de Direitos Humanos. Acabei escrevendo às onze horas da véspera da cerimônia de abertura das simulações. Fiquei surpreso que eu tenha conseguido estudar e escrever um bom DPO (documento de posição oficial) em apenas duas horas.

Bom, o primeiro dia foi permeado pelas apresentações engessadas por vergonhas e inseguranças de cada participante, assim como por formalidades exageradas da parte da organização do evento. Os dias seguintes foram mais animadores; o clima se tornava cada vez mais agradável e amigável, em boa parte porque nos interessávamos de maneira crescente pelos assuntos discutidos e também porque, a partir do terceiro dia, dominávamos completamente as inúmeras regras e moções de pronunciamento. Por conta disso, se manifestar se tornava cada vez menos complicado. De fato, no início as regras e condutas ideais a serem tomadas como verdadeiros mandamentos são asfixiantes, mas tudo passa com o decorrer de mais e mais sessões de debate.

Por fim, posso dizer que todas estas formalidades só fazem esconder uma falsa pretensão de humanidade. Ficou evidente que tudo que era dito no Comitê de Direitos Humanos não era dito para o bem comum, mas para o bem de determinado grupo de países. Deste modo, as posições se mantêm e tornam as discussões e principalmente as propostas de resolução intrincadas e vagas. Creio que toda esta simulação serve para explicitar também que a ONU é uma intenção, nada mais do que uma rede de interação internacional na qual as decisões são limitadas pelas posições nada maleáveis de diversos países. É um teatro no qual as decisões são tomadas com base nos interesses econômicos de cada nação, porém com uma fachada humanitária. É clara a valorização do econômico em detrimento do humano.

Todavia, algo que é maravilhoso em simular uma reunião internacional é comprovar que anos e anos de estudo servem para muita coisa: toda a bagagem crítica e cultural que a escola nos dá não é pouca e, muito menos, dispensável. Todos os dias, depois das simulações, chegávamos a nossas casas por volta das dez horas da noite e estudávamos mais ainda para levar material de debate para o dia seguinte; não nos faltava fôlego. Após participar de uma simulação como esta, ganhamos novo ânimo para voltar a estudar com mais afinco, porque vemos sentido em tanto estudo. Por estes motivos é que recomendo fortemente esta experiência: entender como funciona (ou melhor, como, em muitos momentos, não funciona) a ONU e majoritariamente dar valor ao que aprendemos desde o início de nossa escolaridade.