“Xi, estragou! E agora?”

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Por Fernanda Passamai Perez- Biblioteca Tatiana Belinky

O comentário acima é muito comum quando alguma coisa, que não estava prevista, acontece com um brinquedo ou livro nas rotinas infantis. E para os pequenos, como fica quando se trata de um livro da biblioteca escolar? Felizmente, nós, adultos, sabemos que nem todo “estrago” é irreversível...

A leitura é incentivada na Vila desde muito cedo. Nossos pequenos frequentam a biblioteca desde os 3 anos, quando ingressam no Grupo 1. A visita a esse lugar da escola é muito prazerosa e, em pouco tempo, as crianças se apropriam do espaço e dos procedimentos da roda, desfrutando da experiência de ouvir diferentes histórias apresentadas pelos funcionários da biblioteca.

A partir do Grupo 2, quando as crianças passam a escolher, levar e comentar os títulos que mais lhes agradaram, nas rodas, além das histórias, conversamos sobre as regras e os cuidados com os livros. Os bate-papos sobre os procedimentos são periódicos, progressivos e muito divertidos, principalmente quando nossos leitores dão suas sugestões sobre o que pode e o que “não” pode fazer com os livros. “Pode ler com o pai”, “pode ler com a mãe”, “não pode morder o livro”, “não pode lamber o livro”, “não pode dar para o cachorro”, “não pode sentar em cima do livro”, “não pode dar banho no livro” são algumas delas. Todas corretíssimas!

Ainda assim, é esperado que um acervo com grande circulação como o nosso, em que os livros são emprestados também por aqueles que os exploram de todas as maneiras, intensa e apaixonadamente, se desgastem ou sofram acidentes. Nada mais natural, uma vez que estão construindo sua relação com o objeto livro e se constituindo como leitores.

Costumamos recomendar aos pais que, caso algum acidente aconteça com o livro da biblioteca, não o consertem em casa. Aqui na biblioteca temos materiais e técnicas específicas para restaurar livros, coisa que fazemos aproveitando o momento com as crianças para retomar os cuidados necessários na hora da leitura.

Por outro lado, como sabemos, há casos em que ocorre a perda ou não há a possibilidade de restauro: livros que tomaram chuva, tiveram partes ou páginas perdidas ou muito rasgadas, “ilustrados ou pintados” pela criança, por exemplo. Em situações assim, a reposição do livro é solicitada à família e, é claro, procuramos conversar com a criança para entender o que aconteceu e retomar “combinados” de uso e de cuidados para com o livro.

Entendemos perfeitamente que a interação com a literatura e do mesmo modo também com o livro, como um objeto que precisa de certos “cuidados”, faz parte do processo de formação desses leitores iniciantes. Por isso, é sempre interessante que as próprias crianças venham conversar conosco em casos de incidentes, e, quando for possível, realizem o restauro com o grupo de colegas, na própria roda da biblioteca, algo que concebemos como uma ótima situação de aprendizagem e que é muito apreciada pelos alunos.