Compartilhar, cuidar e aprender: a convivência entre grandes e pequenos

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Por Elis Maria Sanchez Coelho - Professora do Grupo 2
Fábio Menezes - Professor de Educação Física do Ensino Médio
Washington Nunes - Coordenador de Esportes

Quando qualquer pessoa fala sobre atividade física, logo vem à cabeça correr, jogar e suar! Essa primeira lembrança, muito embora correta, não revela outros objetivos que a Educação Física estimula ao longo da escolaridade, e um deles é o convívio social.

Em uma única aula de Educação Física, os alunos interagem com diferentes formações, de tal forma que, ao final de uma aula, realizaram atividades em duplas, trios, quartetos e grupos maiores, fazendo com que o convívio aconteça com quase todos os integrantes de uma sala.

Essa relação em aulas de Educação Física acontece, quase sempre, com alunos da mesma faixa etária, porém, existe um projeto para as aulas de Educação Física do Ensino Médio no qual os alunos “grandes” têm um encontro e compartilham atividades com os “pequenos” da Educação Infantil. É essa experiência que queremos relatar agora.

Antes de acontecer o encontro com os pequenos, o professor Fábio orientou os alunos do Ensino Médio sobre algumas intervenções ao ensinar, abordar e discutir a aprendizagem de atividades de cordas e cantigas, cama de gato e jogos de tabuleiro, como peteleco e jogo do fusca. Também fez algumas observações sobre o comportamento dos pequenos e como ter “jogo de cintura” nos momentos em que uma atividade não estivesse acontecendo como o planejado.

Já os pequenos foram preparados pela professora Elis. Segundo ela: “Com as crianças do Grupo 2, a primeira etapa foi apresentar e aproximar o professor Fábio. Contei sobre ele ser meu colega e professor da escola, e também sobre o projeto. Marcamos no calendário da turma quando seria o dia tão especial de receber a visita dos alunos do Ensino Médio, que desde o começo foram apelidados de ‘alunos grandões’ (maior que a Elis). O dia era esperado com muita expectativa. Sempre questionavam quantos dias faltavam.”.

O encontro aconteceu essa semana, e constatamos que os alunos menores tiveram uma grande receptividade, um bom senso de organização para as práticas e um grande engajamento nas atividades. A aproximação foi rápida e tranquila. Montamos grupos para facilitar a interação e a participação e decidimos que as crianças menores seriam responsáveis por levar os tutores grandes para conhecer a sala do Grupo 2 e o pátio onde brincam todos os dias, que foi o espaço planejado para a realização da tutoria.

Já os alunos maiores foram extremamente empenhados, cuidadosos e respeitaram o tempo de aprendizagem dos pequenos.

Pensando na possibilidade de estimularmos essa convivência, os objetivos foram plenamente alcançados e, ao término das práticas, conversamos com os alunos para saber suas impressões sobre esta experiência.

Alunos do Ensino Médio:

- Luiza: ”Estava ansiosa e animada para ter contato com os pequenos”.

- Ana: “Gostei muito da atividade. As crianças interagiram e responderam bem. Só fiquei preocupada com a segurança durante a atividade de pular corda”.

- Mariana: “Estava com medo de as crianças fazerem birra e de se machucarem. Percebi que temos que fazer um bom planejamento detalhado, pois, se elas percebem que você está ‘perdida’, ficam inquietas”.

- Rafael: “Tive que fazer umas adaptações para que o jogo se desenvolvesse. Procurei não complicar as coisas e percebi que criança não é tão difícil, e elas se envolveram bastante. Foi gratificante”.

- Julia: “A organização inicial foi um pouco difícil, mas, depois que elas entenderam, foi muito legal, e as crianças estavam animadas. Também procurei perguntar o nome de todas, para criar vínculo”.

- Pedro: “Foi legal. Foi difícil. As crianças tiveram um pouco de dificuldade em aprender cama de gato”.

- João: “Percebi que temos que ter paciência, porque as crianças não aprendem na hora”.

- Sofie: “Fiquei nervosa e com muita expectativa. Percebi que, quando damos algum incentivo como forma de motivação, as crianças se empenham mais”.

Alunos do Grupo 2:

- Mariana: “Eu gostei bastante. As meninas grandes eram muito bonitas e me ensinaram a jogar o jogo de peteleco”.

- Caio: “Eu gostei muito do jogo do fusca e do jogo de peteleco. Eu até ganhei de um aluno grandão do Ensino Médio”.

- Henrique: “O jogo do fusca é super legal porque tem carros. No jogo do fusca eu empatei”.

- Eduardo: “Era muito legal que a cobrinha ficava brava e tinha que pular muito alto”.

- Lara: “Para pular a corda eu ia para bem longe e corria, pulando mais alto de todos”.

- Vinícius: “Eu gostei bastante da cobrinha, porque na primeira vez eu não pulei, mas, depois que eu vi meus amigos correndo, eu corri para pular. E, na outra vez, pulei, dando uma estrelinha igual da capoeira”.

- João Felipe: “Eu adorei, porque na corda eu pulei até 19 (vezes). É muitão”.

Acreditamos que este tipo de atividade contribua muito com as relações interpessoais, aumentando a tolerância e a percepção. A inversão de papéis e a troca de experiências contribuem para que os alunos mais velhos possam refletir sobre seus próprios comportamentos e atitudes, e os mais novos possam ampliar o olhar para a escola e também para a relação com “os grandes”.

Dava para ver na feição das crianças que elas estavam muito à vontade e curtindo cada instante! Todos os dias elas ainda perguntam quando os encontrarão novamente. Foi uma tarde muito especial!

É assim que pensamos a convivência. É assim que fazemos esporte na Vila!