Inglês nos primeiros anos do Fundamental I: o papel das experiências culturais no aprendizado da língua.

Por Juliana M. Lima e Gabriela M. Galindo

São muitas as relações entre uma determinada cultura, seus costumes e a constituição do que denominamos linguagem. Na apropriação do inglês como língua estrangeira, procuramos, em todas as situações escolares, equilibrar o desenvolvimento das quatro habilidades linguísticas: speaking, listening, reading e writing, considerando indissociável do processo de ensino e aprendizagem os múltiplos aspectos de imersão cultural necessários, a nosso ver, para uma apropriação realmente significativa da segunda língua.

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Vygotsky considera a linguagem como uma mediadora das relações entre os indivíduos e o mundo, possibilitando a organização do pensamento. A existência de símbolos e conceitos amplia a capacidade de representação da realidade e permite múltiplas relações entre os mesmos, auxiliando a construção de processos mentais mais complexos. Ora, se todos esses processos nascem da linguagem, que é um elemento essencialmente cultural, o que melhor do que apresentar representantes autênticos da cultura para promover e sustentar o interesse dos alunos no idioma?

Além de ampliar o repertório a respeito de outras realidades, lançar mão de manifestações da cultura na sala de aula propicia um contexto no qual o idioma pode ser usado de forma significativa e apropriada. Investimos em situações de convívio nas quais as crianças possam desenvolver seus conhecimentos sobre os valores e tradições das pessoas que falam inglês como língua materna. Assim, ao estabelecermos uma conexão mais real com o aprendizado da língua inglesa, percebemos os alunos mais motivados, usando o inglês de forma espontânea, mesmo fora do horário da aula.

1ºs anos
No primeiro ano do Fundamental 1, são realizadas atividades habituais com repertório genuíno de Nursery Rhymes, Clapping Hands Rhymes e Outside Games. Ao brincarem, por exemplo, de London Brigde, os alunos conhecem um pouco mais sobre esse famoso local histórico de Londres (A Ponte de Londres) e aprendem uma brincadeira cantada por crianças de todo o mundo. Outros games que agora também fazem parte do repertório das crianças são: A Sailor Went To Sea, One Potato, Snake in the Grass e Chinese Whispers.

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 O Humpty Dumpty, tradicional personagem do universo anglófono, também fez parte das aulas de inglês. Essa rima, conhecida mundialmente, foi usada como parlenda em várias atividades e seu significado passou a ser conhecido pelas crianças ao verem filmes e ouvirem histórias. O mesmo aconteceu com outras rhymes, como: Baa Baa Black Sheep; One, two, buckle my shoe; Hickory Dickory Dock e Eeny meeny miny moe.

2ºs anos
No segundo ano, o foco das atividades habituais está em poemas e músicas em inglês. Neste ano, escolhemos trabalhar com os poemas do autor norte-americano Shel Silverstein e as músicas do grupo britânico Coldplay, o que promoveu conversas sobre diversos elementos da língua e cultura desses dois países.

Ainda que tenhamos escolhido algumas músicas já conhecidas, o intuito deste contato não era simplesmente memorizar a letra e nem tampouco sua tradução literal. Porém, ensinar as letras e dar a conhecer seu significado mudou o sentido que essas músicas faziam para os alunos, tornando-os mais motivados pela compreensão do que diziam ao cantá-las. Os poemas também favorecem esta relação (atribuição de sentido x envolvimento) pelo tipo de ilustração que apresentam, facilitando a compreensão da linguagem utilizada, sem a necessidade de apoiar-se no português.

Pensando na formação cultural mais ampla dos estudantes, alguns projetos que se destacam são: Wizard of Oz, Fun and Games, Fairy Tales e Fables. Por meio deles, os alunos têm contato com clássicos do cinema e da literatura, card and board games - nos quais o uso do inglês é imprescindível.

Nosso objetivo é colaborar na formação de um falante que compreende o significado da língua e do mundo que é construído por meio dela, tendo possibilidades de interagir de forma mais “equipada”, estabelecendo uma conexão íntima com a língua. Dada a importância da cultura e as possibilidades de ampliação de conhecimentos que ela proporciona, estamos constantemente atentos para garantir esse “enredamento” durante as aulas de inglês.

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