As Ciências Sociais na Educação Infantil

Toy, wooden car

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Por Daniela Munerato

A observação de um carrinho de madeira feito manualmente por um carpinteiro, um brinquedo que vem de uma fábrica, um jogo criado por uma comunidade, totalmente relacionado à sua cultura, de brinquedos que existem desde a época de nossos avós e permanecem muito apreciados até hoje, e outros, que somente fazem parte das memórias de infância.  Com o propósito “brinquedos” estamos nos referindo às Ciências Sociais se conseguirmos abordar essas questões como favorecedoras de reflexões.

O olhar para o brinquedo pode conter diversas facetas, como fruto de um trabalho, de uma época, de um modo de vida, de um conhecimento de gerações que vai muito além do brincar, mas que possibilita a construção de representações de um tempo histórico e de um sujeito social.

As crianças chegam à escola com muitos conhecimentos sobre a realidade social. Mas como converter este ambiente em objeto de conhecimento? O foco do ensino desta área está em ampliar o olhar dos alunos sobre o ambiente em que vivem, seu próprio cotidiano. As crianças, inseridas em seus pensamentos, próprios da idade, consideram que os objetos sempre existiram e sempre foram iguais, naturalizando o mundo social. Nosso movimento precisa ser justamente contrário: o que existe passa por um processo.

Isto posto, planejamos situações-problemas que levam em conta os conhecimentos dos alunos e, ao mesmo tempo, os desafiam a olhar para o ambiente social de forma mais rica e complexa. Portanto, as atividades devem ser variadas, envolvendo os alunos com as questões que estão sendo investigadas por meio da observação, leitura de imagens, saídas, de entrevistas com diferentes informantes, observação de objetos, da busca de informação em livros e revistas etc.

A escola é lugar de participação e integração, um âmbito privilegiado para a ampliação das possibilidades do desenvolvimento social, cultural e da cidadania. É lugar em que os avós das crianças de três anos de idade podem contar suas histórias sobre brinquedos, brincadeiras e como era ser criança num tempo diferente, sem fantasias, de personagens e computadores. Ou das crianças de cinco anos de idade compreenderem que a infância não é igual quando se vive na cidade ou numa tribo indígena, por exemplo, com brincadeiras, brinquedos e rotinas peculiares. Em um movimento de seguir pensando sobre a história que construímos a cada dia, num contexto muito maior do que nossos pequenos aprendizes conseguem imaginar a sociedade.