Da sala de aula para as cavernas e as matas do vale do rio Betari

6_11_2013
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Por Vera Barreira

Mais uma vez, a turma dos 7ºs anos foi ao Petar (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira), localizado no sul do estado de São Paulo (a aproximadamente trezentos quilômetros da capital), próximo às cidades de Apiaí e Iporanga. O Petar abriga um importante complexo subterrâneo (cavernas) composto por rios, cachoeiras, estalactites e estalagmites, com curiosas e inusitadas formações, que se destacam pela sua composição geológica. É também uma das poucas regiões do Brasil que conservam, em seu estado natural, grande porção da mata atlântica.

Este Trabalho de Campo, além de permitir um tratamento contextualizado das disciplinas envolvidas, constitui-se também numa experiência valiosa para nossos alunos, que têm a oportunidade de conhecer e interagir com um espaço tão contrastante com a realidade urbana em que vivem cotidianamente. Dentro das cavernas encontramos um mundo totalmente diferente! Um lugar silencioso, de uma escuridão profunda, ornamentado por espeleotemas lindíssimos e habitado por criaturas interessantíssimas! Nas cavernas fazemos alguns blecautes: apagam-se as lanternas, fazemos silêncio e tentamos sentir o que é habitar aquele local. Este ano, alguns grupos privilegiados puderam perceber a acústica das cavernas, ouvindo nossa aluna Nina Quintanilha cantar uma música com sua voz especial. Do lado de fora, caminhamos ao lado do rio Betari, numa paisagem verde exuberante, atravessamos o rio com nossos sapatos numa água gelada muito bem-vinda para refrescar a caminhada de quase uma hora para alcançarmos a caverna Água Suja.

Além das atividades nas cavernas e trilhas da região, visitamos o quilombo de Ivaporunduva para uma conversa com o representante da comunidade que nos contou a história da comunidade, seus hábitos e sua luta para manter a terra e a comunidade dentro do Parque. Os alunos chegaram preparados com algumas perguntas para fazer e participaram de um bate-papo muito interessante, conhecendo uma forma de organização comunitária muito diferente do que se vive nas grandes cidades.

Os alunos, de modo geral, ficaram encantados com tudo o que viram, e cada um, a seu modo, aproveitou e se divertiu enquanto aprendia com os guias e professores que nos acompanharam. Vejam abaixo como foi a viagem pelos olhos de um aluno e de uma aluna do 7º ano de 2013:

“A viagem ao Petar correspondeu às minhas expectativas, pois tanto meu irmão quanto minha irmã mais velha falavam muito bem dessa viagem. Eu acho que consegui aproveitá-la ao máximo, tanto na diversão com meus amigos quanto nos estudos -- principalmente as novas descobertas feitas lá.

Para isso, as caminhadas que fizemos dentro da mata foram a melhor parte, pois gosto bastante da natureza, de caminhar e me sinto bem respirando o ar puro do vale do Ribeira.

No meu modo de ver, o único aspecto negativo foi a pouca liberdade para achados e descobertas que tivemos dentro das cavernas, trilhas e chalé.

Eu aprendi muito nos nossos estudos sobre o palmito Jussara (planta típica da região). Eu achei muito legal aprender sua história, sua forma de reprodução e até seu formato, já que é impossível ver esse tipo de planta em São Paulo.

O palmito Jussara sempre foi uma planta típica do vale do Ribeira, era a base do comércio dos moradores da região. No entanto, quando foi criada a zona de preservação, foi proibida a venda do Jussara. Esse tipo de palmito se reproduz na maioria das vezes pelas fezes dos animais que a ingerem (70% dos animais da mata). Eu aprendi isso com o Silney, um guia local da região.” Gabriel Gianini, 7º ano.

“Antes de eu ir para o Petar, eu imaginava uma viagem com muito estudo (quero dizer, só estudo!) e pouca diversão. Depois da viagem, percebi que estava enganada. Eu aprendi muito na viagem, mas de um jeito divertido e com experiências que vou guardar por toda a minha vida.

As coisas de que mais gostei foram os passeios para as cavernas, principalmente a Água Suja e a Morro Preto, por causa da beleza e da boa preservação. Outra coisa que gostei foi poder ter ficado com meus amigos, principalmente no quarto. Acho muito legal nós podermos escolher nossos próprios quartos, pois algumas escolas escolhem os quartos pelas crianças.

O que eu não gostei foi ter chovido (o que não é culpa de ninguém), mas o que mais me incomodou foi andar muito. Ninguém vai morrer subindo uma trilha, mas tem pessoas (como eu) que não têm condições físicas!!

Eu aprendi muitas coisas na viagem, mas o que eu mais gostei de aprender foi sobre a adaptação do bagre cego e sobre a formação dos espeleotemas.

No final, gostei muito da viagem, e espero que a do ano que vem também seja assim!” Julia Oliveira K. L. Ferreira, 7º ano.