O que muda e o que permanece faz parte de um propósito e, não, de um novo endereço.

200213 ESCOLA DA VILA 130

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Por Sônia Barreira

Nos dois posts anteriores, sobre a Vila na Granja, falamos sobre a nossa vocação de fortalecer novos projetos educacionais com a mesma filosofia de trabalho e a mesma visão pedagógica.  É algo que está na essência da escola, no DNA do projeto pedagógico!

É claro que já poderíamos ter preparado materiais didáticos que facilitassem e organizassem essa expansão.  Por que isso não aconteceu?  Simplesmente porque, no nosso projeto, a autoria, a criação do professor é algo fundamental.  Por isso, investimos tanto na construção de propostas de formação continuada, para que os professores possam avançar e para que possam transformar a Vila.  Não queremos professores reprodutores, queremos professores autônomos e capazes de promover as mudanças necessárias.

A consequência natural é a de que a Vila muda todo ano.  Para os saudosistas, isso pode ser triste, mas para quem vai mais fundo na análise, sabe que não é possível fazer uma escola apenas reproduzindo a tradição.  É preciso inventar novas soluções, propor novos projetos, incrementar as situações de aprendizagem, definir novos textos e livros para serem lidos.  É preciso acompanhar nosso próprio tempo.

Porque estamos abertos a mudanças, temos segurança para reconhecer e manter convicções, mesmo quando elas não agradam a todos, como algumas práticas adotadas pela escola, algumas regras, e também alguns projetos e atividades.

Uma delas, simples, mas polêmica e emblemática, é o trabalho em duplas.  Por que desde a Educação Infantil até o final do Ensino Médio fortalecemos propostas de trabalho em duplas?  Por que nossos alunos sentam em duplas?  Por algumas razões, entre as quais destaco:

- Para aprender a trabalhar com todos os colegas, sejam eles mais ou menos capazes e competentes, sejam eles mais ou menos concentrados, sejam eles mais ou menos fáceis de estabelecer o diálogo e o relacionamento.  O outro, numa escola, é um desafio, não um obstáculo, nem uma bengala.  Da mesma forma, no mundo do trabalho ou no mundo familiar.  A qualidade das relações interpessoais é algo a ser aprendido!

- Para potencializar a aprendizagem, uma vez que entre o eu e o outro constrói-se uma nova possibilidade de compreender desafios, de recrutar informações para resolver problemas e de entender explicações.  Ou seja: aprender em parceria traz novas e surpreendentes condições de aprendizagem.

Mudar e permanecer...  Essas, assim como outras características do nosso trabalho, estarão presentes hoje e amanhã, aqui e ali, na Granja, no Butantã, no Morumbi... em todas as nossas Vilas.