De adaptação e encantamentos

Por Fernanda Flores

Acompanhar pequenos que passam a frequentar uma nova escola, pela primeira vez, sempre oferece bons temas para reflexão.

Fazia anos que eu não permanecia parte da tarde apoiando uma turma de Grupo 1 em adaptação. E estar ali, novamente, entre crianças que estão a conhecer a escola, novos colegas de convívio quando ainda pouco sabem uns dos outros, foi intenso.

Naquela terra de gente se conhecendo, as reações das crianças são as mais diversas − há aquelas que seguem as novas professoras em tudo que propõem, as que querem desbravar o espaço, as que querem objetos que parecem sempre estar com um outro, as que preferem o conforto do colo conhecido, entre tantos outros quereres...

Cada uma a seu jeito demanda do professor uma ação singular, que reconhece o tempo individual, que acolhe e confia. Assim, não podemos nos esquecer de que essa primeira relação é feita essencialmente por intermédio do professor, e é estabelecida a partir dele. Apesar de haver um conjunto de objetos de mediação, é o professor quem as terá de cativar e criar um espaço verdadeiro de interação.

A voz ritmada, os enredos, a repetição e o reencontro são algumas das marcas da arte de fazer encantar de cada um dos professores. Seja pela voz, pelo olhar, pelo gesto, cabe ter uma grande disponibilidade para o outro, uma grande capacidade de se expor e ter escuta, e uma grande generosidade.

O desafio para todos: não ter pressa. Ou seja, a seu tempo e a seu modo, cada criança passa a se encantar com a escola, representada especialmente por seus professores, sua sala de aulas e arredores, reconhecendo-a como local seguro, espaço de descobertas, explorações e encontros dos quais deseja fazer parte.