Sonhos científicos

12_02_2014
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Por Celina Moraes

A cultura científica pode ser compreendida como parte do acervo cultural que queremos trazer para nossos alunos. Assim como a área de Artes, a das Ciências é um campo fértil de criação e geração de conhecimento, cada qual com suas especificidades. E, assim como buscamos integrar os alunos à vida cultural artística de nossa cidade, as visitas a museus e mostras científicas trazem oportunidades de contato com a cultura científica num âmbito maior.

Nessa perspectiva, no início de dezembro do ano passado, a área de Ciências Naturais e o setor Vila Cultural promoveram uma visita à Mostra Paulista de Ciências e Engenharia (MOP) no espaço Catavento, no Parque D. Pedro. Esse evento, promovido pela Escola Politécnica da USP, apresenta uma seleção de projetos investigativos realizados por estudantes do ensino básico (a partir do 8º ano) e técnico de todo o estado de São Paulo.

A mostra objetiva estimular a pesquisa científica entre os estudantes da educação básica, incentivar o empreendedorismo, a criatividade e o espírito investigativo e, ainda, promover a convivência e a troca de informações entre estudantes de escolas públicas e particulares, e membros da comunidade acadêmica.

Nesse dia, pudemos conhecer de perto os trabalhos selecionados e conversar com seus autores para saber como foi o percurso de criação e desenvolvimento dos projetos. Além do interesse de nossos alunos por conhecer os projetos expostos na mostra, observamos grande entusiasmo de muitos deles em pensar seus próprios projetos investigativos e mais, em imaginar propostas que tenham algum tipo de impacto social e ambiental. Eles sonham com a diminuição de gás carbônico na atmosfera, com processos para repor o ozônio destruído, com formas mais baratas e ambientalmente menos impactantes de fazer funcionar um carro ou uma casa, com tecnologias que ajudem idosos ou portadores de deficiências, enfim... sonham em fazer um mundo melhor e diferente.  E não é essa justamente uma das finalidades mais significativas da escola?

Nossa meta é intensificar a frequência desse tipo de iniciativa na escola: ampliar a agenda de visitas a exposições de ciência e viabilizar a participação dos alunos que desejarem enviar projetos para esses encontros.  Planejamos abrir novos espaços voltados ao desenvolvimento de projetos de investigação, tanto nas propostas em sala de aula como, num futuro próximo, em espaços extracurriculares, voltados a fomentar o interesse pelo âmbito da produção científica.

O impacto da visita à MOP pode ser conferido nos depoimentos registrados pelos alunos participantes em um fórum aberto no AVA, reproduzidos a seguir.

FÓRUM SOBRE A VISITA À MOP 

A MOP foi totalmente inovadora, com ideias originais e úteis, e outras já pensadas, mas não postas em prática. Os trabalhos que mais me chamaram a atenção foram: o do trilho magnético, que pode mudar o curso da evolução dos transportes e gerar novos conceitos sobre o magnetismo e o consumo de energia; e a borracha sintética da Jaqueira, que pode estabilizar ou frear o desmatamento. A participação dos alunos foi variada, mas ativa, com alguns resumos mais detalhados e outros mais tímidos. Grande parte dos projetos é muito futurista, como o projeto do trilho magnético, que pode desenvolver metrôs extremamente econômicos em energia, ou alguns outros projetos, que também promovem a economia de energia, ou resolver problemas psicológicos da sociedade, da tecnologia ou dos deficientes.
Vinicius Silva Fernandes Kuhlmann

A MOP foi uma exposição extremamente enriquecedora. Muitos trabalhos nos chamaram a atenção. Para mim, foram: o trabalho do Grasspaper, o papel feito de fibra de grama; o de um semáforo que produz energia pela passagem dos carros sobre um mecanismo, fazendo o produto funcionar; o de um semáforo para cegos, que vibrava quando havia automóveis passando na rua; e, por fim, um de casas emergenciais, preparadas com antecedência, feitas de materiais recicláveis.
Alguns alunos estavam mais descontraídos do que outros, e alguns finalistas ainda tinham problemas para contar todas as informações para pessoas mais novas. O que mostrou, para mim, que um trabalho bom deve ter integrantes que saibam contar sobre seu projeto para todas as idades (o que foi ainda mais enriquecedor para todos nós).
Ou seja: me interessei muito por produtos feitos de materiais reciclados ou que mantêm a ideia de sustentabilidade. Planejo produzir algo com essa ideia (principalmente de produção de energia solar mais barata) para a MOP do ano que vem, sendo que me despertou tamanho interesse!
Beatriz Queiroz de Carvalho

Eu adorei a visita à MOP, pois lá pude apreciar completamente individuais e originais trabalhos. Isso serviu de inspiração para mim, pois quando eu era bem pequeno eu brincava de construir robôs colando meus brinquedos uns nos outros com fita-crepe, mas sempre com minhas ideias e sem [muita] ajuda, muito semelhante ao do pessoal da feira de ciências. Com esta inspiração eu espero dar continuidade aos meus sonhos de infância (own). Já trouxe meus projetos para a escola e consegui a possibilidade de tornar minhas ideias realidade. Obrigado à MOP e a todos os seus participantes, por possibilitar coisas que nunca pensei que fossem possíveis.
Pedro Sader Azevedo

A MOP tinha vários projetos diferentes, mas alguns não haviam sido feitos, eram apenas projetos e outros eram teorias, não eram nem projetos.
Um projeto que me chamou a atenção foi o que usava a energia das auroras para uso doméstico, usando clorofila. Outro que me chamou muito a atenção foi o Grasspaper, que usava a grama para fazer papel, que poderia ser usado em cadernos e outros usos do papel normal, mas ainda estava em desenvolvimento e não havia sido concluído.
Muitos desses projetos haviam sido focados na sustentabilidade e na economia, tanto de energia quanto de dinheiro, já que eles usavam, principalmente, materiais baratos e naturais ou biodegradáveis.
Antonio Andrade Garcia

Eu achei a mostra muito interessante e a ideia de criar esses projetos... muito legal. O projeto que mais me chamou a atenção foi o de criar semáforos, que quando estão fechados vibram, mostrando aos cegos que não podem passar. Em minha opinião, essa ideia poderia ser utilizada no futuro, pois além de ajudar muitos cegos, ela não teria um custo alto. A participação dos alunos finalistas foi ótima, contando que muitos tinham projetos complexos, difíceis de serem explicados.
Nina Ayumi Okamoto Marroquini

A visita à MOP foi uma experiência muito interessante. Tivemos contato com projetos inovadores, desenvolvidos por alunos, e isso foi, para mim, muito importante. Pudemos observar o empenho deles, o planejamento que tiveram de elaborar. Muitos dos alunos conseguiram expressar as ideias muito bem, outros nem tanto, mas todos superaram, com certeza, vários obstáculos para chegar aonde estão. Realmente, todos foram fonte de grande inspiração para todos os visitantes!
Os trabalhos que me chamaram bastante a atenção foram: os de Grasspaper, e do semáforo, desenvolvido especialmente para que pessoas cegas atravessassem a rua com mais facilidade.
O Grasspaper foi um tipo de papel produzido a partir de grama, cuja produção não causa tanto impacto ambiental. É um papel “natural”, que evita usar muitos componentes químicos.
Já o do semáforo era a ideia de um grupo que planejava desenvolver um sinal que emitia ondas de vibração. Quando o pedestre com falta de visão encostasse no aparelho e este estivesse emitindo essas ondas, é porque a pessoa não pode atravessar a rua, já que o sinal está vermelho. Se parasse de vibrar, é porque o sinal está verde, então a passagem está liberada. É uma boa alternativa para substituir os semáforos sonoros, já que estes podem poluir “sonoramente” o ambiente e incomodar outras pessoas.
A feira também foi interessante, pois nos fez pensar em alguns projetos possíveis. Atualmente, não formei nenhuma ideia ou proposta, mas quem sabe algo que envolva sustentabilidade ou meio ambiente, ou talvez algo que ajudasse pessoas com alguma dificuldade fosse interessante para eu pensar no futuro...
Enfim, acho que a ida à MOP deve ser uma atividade incentivada pela escola, por ser muito divertida e importante conhecer um pouco desse “mundo”. Tenho certeza de que ela inspirou vários alunos! Obrigada por tudo!
Nicole El Murr

Na minha opinião, a visita à MOP foi essencial para o nosso aprendizado. Gostei muito da exposição. Consegui ver que pessoas da nossa idade conseguem fazer um trabalho incrível, que contribui para nossa sociedade, criando diversos profissionais, que nunca pensei que seria possível. Com isso, fiquei motivada e animada para fazer algo parecido no ano que vem. Com a exposição descobri que gosto muito de engenharia e que gostaria de conhecer mais sobre essa área.
Gabriela Jannini Sawaya Oliveira

A MOP estava bem interessante, com muitos projetos legais e criativos. Os trabalhos que envolvem tecnologia foram os que mais me interessaram, por exemplo, o poste para cegos, ônibus ecológicos etc. Ideias que realmente ajudariam a sociedade, e isso eu achei muito legal.
Lia Morena Furquim

Eu achei a MOP uma experiência muito interessante. Parece com as feiras de ciências que vemos nos filmes americanos. Os melhores projetos, para mim, eram os que tinham um objetivo interessante, como os aparelhos de ajuda a cegos. Eu tive algumas ideias, mas ainda não vou divulgar =)
Rodrigo Grosbaum Pencak