O valor da interação na formação dos alunos

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Por Fernanda Flores

Na Educação Infantil, estar junto é sinônimo de interagir? A essa pergunta, nossa resposta é certa: não necessariamente...

Interagir demanda contextos propícios: espaços, tempo e intencionalidade por parte daqueles que mediam relações entre crianças. Acreditamos que alunos e professores ganham em muitos aspectos quando a interação entre turmas é planejada tanto para promoção de situações nas quais o brincar rege as relações, quanto naquelas em que outros desafios se colocam.

Sabemos que é na interação que ocorrem trocas fundamentais entre os sujeitos, quando cada envolvido num grupo precisa explicitar suas vontades ou pensamentos, ouvir de outros suas necessidades e entrar em acordos, os quais, muitas vezes, dependem da crescente capacidade de dialogar e da mediação de outros, colegas ou adultos.

Investigações realizadas nas últimas décadas¹ evidenciam o quanto as relações entre crianças podem incidir de maneira decisiva nas formas pelas quais adquirem habilidades e destrezas sociais, avançam na capacidade de considerar outros pontos de vista, em como aprendem e se socializam em geral.

Para além das interações que ocorrem entre turmas em brincadeiras coletivas no parque, por exemplo, os ateliês de arte e as rodas de história podem reunir duas ou mais turmas, num contexto de trabalho planejado para intercâmbio entre os pequenos, mediado pelos professores.

Nessas situações, observamos o quanto a circulação e a troca de repertório entre as crianças se amplia, com comentários de uns em relação às produções dos outros, muitas vezes para ver como um colega estava fazendo seu trabalho ou mesmo para se inspirar a partir de uma ideia que lhe chamou atenção. Percebemos, sobretudo, a disponibilidade de experimentar estar ao lado de colegas que não os de seu grupo de referência, constituindo parcerias inusitadas.

A interação, que compõe a essência do convívio em grupo, pode ser assim ampliada em função de decisões que a equipe de professores toma, relacionadas à frequência e às formas de aproximação e vivência que uma ou mais turmas podem fruir por um determinado período de tempo. É, nesse sentido, que a disponibilidade de espaços que favoreçam mais e mais interações nos parece tão importante.

¹ COLL, César; PALÁCIOS, Jesus; MARCHESI, Alvaro (comps.), Desenvolvimento Psicológico e Educação vol.2: Psicologia da Educação escolar. Porto Alegre, Ed. Artmed, 1995.