Por Daniela Munerato
A Educação Infantil é feita de encontros. E, para proporcionar bons encontros, precisamos de ambientes convidativos e possibilidades para escolhas. Trataremos aqui das condições e das considerações que temos acerca do valor dos agrupamentos, pensados à luz da primeira etapa da vida escolar de crianças pequenas.
Os agrupamentos estão presentes em nosso cotidiano e, a partir deles, conseguimos que as crianças interajam em contextos diversos, ora com todo o seu grupo, ora em dupla, grupos pequenos, configurações que as desafiam a ocupar diferentes posições, refletindo um trabalho de grupo em constante movimento.
Entendemos que é a partir do outro que as crianças conseguem perceber-se, “dar-se conta” de si mesmas, e isso acontece necessariamente quando se deparam a enfrentar problemas para os quais é essencial trabalhar com outros. A oportunidade de confrontar pensamentos é fundamental, pois as diferenças geram o conflito necessário para a reorganização e a elaboração de novas ideias.
Assim, novas parcerias, o reconhecimento do outro, a curiosidade pelo novo, a tomada de consciência daquilo que se torna seu, encontra terreno fértil quando os espaços favorecem configurações grupais diferenciadas em função da natureza dos desafios propostos.
Nesse contexto, o trabalho em grupo tem grande valor. Os agrupamentos podem ser planejados sob diferentes critérios, a depender do objetivo do professor. Como um caleidoscópio, com tonalidades e combinações possíveis. Assim são quartetos, trios, duplas que trabalham juntos, e são ora escolhidos pelo professor a partir de observações individuais, ora formados pelas próprias crianças, a depender da situação. As mesmas peças podem montar diferentes cenários e, através de cada um, descobrirmos novas possibilidades.
Um ambiente de trabalho flexível favorece essa diversidade, espaços nos comunicam expectativas de ação e possibilidades de movimentação. Uma sala com muitas peças de vidro delicadas nos faz pensar em cuidado; uma organização de cadeiras como um cinema nos faz pensar em silêncio para uma apresentação. Na escola, uma sala espaçosa, com móveis leves que possam ser transportados e montados de diferentes formas, revela a intenção das trocas, do movimento, da interação.
A partir de todas estas ideias, reiteramos o quanto o planejamento do professor, a gestão do tempo e a modificação do espaço são peças chave que contribuem para um cenário favorecedor de aprendizagens e da constituição de grupo, considerando a diversidade, o espaço de cada um e o desafio de conviver.