Os desafios de formar o professor formador

28_02_2014

Por Lilian Ceile Marciano

Como disse Zélia Cavalcanti em post recentemente publicado, “Os profissionais da Escola da Vila são inquietos, estão sempre envolvidos em novos desafios, em diferentes propostas de trabalho e formação”. Logo que se tornam experientes no segmento em que atuam, buscam novos desafios: já inseridos numa prática de compartilhar e fundamentar seu trabalho com a própria equipe, compartilhar as boas experiências pedagógicas com profissionais que atuam em outras instituições, este passa a ser um desafio atraente. Dá-se, então, o início do percurso do professor formador que atua para um público externo à Escola da Vila.

Se, como professores, o desafio era pensar em formas de transformar os conhecimentos adquiridos em estudos, cursos e supervisões, em boas práticas para o ensino e a aprendizagem dos alunos, o desafio agora passa a ser o de pensar como o conhecimento adquirido na vida profissional pode se transformar em boas práticas de formação continuada de professores.

Na Escola da Vila o orientador ou coordenador também apoia a formação do formador. As ações de formação passam a ser objeto de discussão e reflexão nas reuniões com esse profissional. À experiência de sala de aula somam-se as questões relacionadas às ações formativas: se os princípios didáticos que são referência para o trabalho na escola devem ser considerados, assim, também, nessas ações; se o princípio de que se aprende em interação é potente numa ação com alunos adultos; se há necessidade de planejar ações que favoreçam o estabelecimento de relações entre o que aluno já sabe e o novo conhecimento, uma vez que são adultos, portanto autônomos; se o atendimento à diversidade é necessário e desejável; se há necessidade de equilibrar a exposição de elementos teóricos e práticos, e situações de reflexão, troca e interação.

O professor que trilha esse novo percurso precisa se apropriar das estratégias de formação, dos conteúdos relacionados a elas, de aspectos da gestão, e é o orientador quem traz esses e outros temas a serem problematizados. As situações de reflexão, discussão e estudos ganham sentido também em ação: observando formadores experientes, fazendo relatos de prática em cursos organizados por colegas, atuando em parceria com outro formador, até que possa planejar e realizar ações de forma autônoma.

Dessa forma, o professor que se propõe a aprender a ensinar outros professores parte do conhecimento que construiu em sala de aula e amplia sua função docente agora como formador. As reuniões com seu orientador sobre procedimentos de formação e as ações em que atua como formador são espaços em que compartilha sua prática. Para o orientador, um percurso também encantador: o de aprender a formar aquele que forma.