Como instigar a perseverança dos alunos na resolução de problemas matemáticos?

Sobre instigar a perseverança na resolução de problemas, individual e coletivamente.

28_03_2014

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Por Gislaine Carvalho Rasi

" O que me incentiva a resolver um problema é vencer um desafio, se sentir um pouco superior a que você acha de sua capacidade.” ( aluno 7º ano)

“ ...acho essencial as discussões feitas em sala, pois temos a liberdade de tirarmos nossas dúvidas e vemos muitos jeitos de responder um único problema, podendo escolher o jeito que temos mais facilidade, não se prendendo a uma única opção que muitas vezes a gente não entende.” ( aluno 9º ano)

“ ...para ter perseverança para resolver um problema matemático, é saber que você consegue ou, pelo menos, acreditar… O mais importante é não só decorar os processos para resolver o problema, mas também entendê-los e ver lógica por detrás deles, pois assim é mais fácil de lembrar como se faz.” ( aluno 9º ano)

Muitos devem estar se perguntando: como fomentar a perseverança dos alunos na aula de matemática? Como cálculos, fórmulas e teorias... podem desafiar e encantar os alunos?

Poucos de nós, adultos, vivenciamos nas aulas de matemática um trabalho semelhante ao dos matemáticos, o FAZER MATEMÁTICO. O importante, na maioria das vezes, era apenas chegar ao resultado correto mediante o uso de técnicas e fórmulas apresentadas previamente pelo professor.

Sabemos que para os matemáticos a história não é bem assim...

Fazer matemática é mais do que chegar ao resultado correto. É formular problemas, investigar e explorar diferentes possibilidades, criar modelos e planejar percursos, antecipar e estimar resultados, olhar diferentes pontos de vista, lidar com acertos e erros, saber registrar e comunicar o raciocínio para o confronto das ideias.

Preservar o sentido dos saberes nas aulas de matemática, ou seja, possibilitar aos alunos um contato com esse modo de produzir conhecimento sem desvirtuar suas características pressupõe conceber a atividade matemática como uma atividade de produção, e não simplesmente como reprodução de algo elaborado integralmente por outro. Esse é um dos princípios do nosso trabalho.

Mas como essas condições podem favorecer uma mudança de atitude do aluno perante a resolução de um problema? Como podemos tornar o nosso aluno mais perseverante?

Durante uma sequência de estudo, os alunos resolvem vários problemas, sozinhos ou em pares, com diferentes níveis de complexidade. Apresentam estratégias, discutem ideias e são incentivados a ir além do resultado, já que os diferentes percursos para atingi-los também são objeto das discussões.

Tais condições didáticas favorecem, do nosso ponto de vista, o desenvolvimento de uma atitude positiva do aluno diante dos problemas, pois criam e compartilham um repertório de “saberes” individuais e coletivos que podem ser acessados durante a resolução e possibilitam uma interação mais profunda com a situação. Contribuem para uma maior reflexão, um maior debate e uma maior ampliação dos conceitos. Promovem atitudes de confiança e outras colaborativas com os pares. E ajudam o aluno a construir um projeto maior de estudo, rompendo com a ideia de que fazer matemática é para poucos.

Entender a resolução de um problema como uma atividade de produção matemática que demanda perseverança e esforço intelectual recupera na aula o papel dos alunos como produtores.